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Deficiente visual diz como é pedalar de Olinda a Boa Viagem toda semana

Vinícius faz o percurso com o seu amigo Alexandre, em uma bike dupla

JC Trânsito
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Publicado em 07/08/2016 às 17:06
Luiz Pessoa/NE10
Vinícius faz o percurso com o seu amigo Alexandre, em uma bike dupla - FOTO: Luiz Pessoa/NE10
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Para o jornalista Vinícius Passos, de 24 anos, os únicos obstáculos para andar de bicicleta nas ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR) são os buracos. Deficiente visual, ele é apaixonado por esportes. Pratica futebol e frequenta academia. A bike entrou na vida dele ainda quando criança. "Perdi a visão aos 13 anos e, antes disto, já andava de bicicleta. Depois que fiquei cego, fiquei impossibilitado". A situação mudou em 2013, quando Vinícius recebeu o convite do vizinho, o músico e empresário Alexandre Costa, para acompanhá-lo nos passeios em uma bicicleta dupla. 

"Fiquei muito feliz, pois pude dar continuidade ao que já fazia antes", afirma o jornalista. A história aconteceu ao acaso: Alexandre havia comprado a bike para estimular a esposa a andar com ele. Ela inicialmente recusou o convite e Alexandre encontrou em Vinícius um grande parceiro. De 2013 para cá, foram muitas viagens feitas de bike. A mais longa ocorreu para a praia de Atapuz, percorrendo 126 quilômetros (ida e volta). "Nestes locais a gente faz amizades, descobre novos lugares, é maravilhoso", declara Vinícius.  

Vinícius e Alexandre pedalam, em média, uma vez por semana, por duas horas, o que soma 35 a 40 quilômetros percorridos. Os trajetos quase sempre vão de Olinda até a praia de Boa Viagem, em Recife. O jornalista explica que, apesar de a pessoa da frente ser a que guia a bicicleta, quem está atrás precisa ter uma boa percepção de tempo e espaço. "Não é tão fácil quanto se pensa. É preciso ter uma sintonia com a pessoa com a qual você faz dupla", relata.

O bem-estar que andar de bicicleta proporciona a Vinícius é tão grande que ele gostaria de estender a outras pessoas deficientes visuais. É tanto que ele e Alexandre têm o desejo de adquirir mais bicicletas duplas. "Pena que elas são muito caras e não vendem aqui em Pernambuco. Custam cerca de R$ 3.000, é muito caro", explica Alexandre.

ABIC - Em dezembro do ano passado, Vinícius abriu, juntamente com seu pai, que também é deficiente visual, a Associação Brasileira para Inclusão das Pessoas Cegas (ABIC), que funciona no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. No local, as pessoas cegas desenvolvem várias atividades, como a prática de goalball e de futebol de cinco. "Nós gostaríamos muito de trazer as bicicletas duplas para a associação e estimular o pessoal a andar de bike. Mas além de ser caro, precisaríamos de voluntários", acrescenta Vinícius.

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