Ciclismo

No Dia do Ciclista, recifenses comentam suas experiências com o meio na cidade

Falta de segurança e de ciclofaixas são as principais reclamações dos ciclistas no Recife

JC Online
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Publicado em 15/04/2017 às 17:07
Foto: Paula Mascarenhas/Cortesia
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Criada em 1870, na França, a bicicleta é considerada o meio de transporte do futuro. Tornou-se popular em todo o mundo por ser um meio leve, barato e sustentável, além de ser recomendado para fazer atividades esportivas. Hoje, 15 de abril, é uma das datas em que se comemora o Dia Mundial do Ciclista. No Recife, além de adotar a bicicleta como transporte, milhares de pessoas a utilizam como um meio de trabalho e também como lazer. Para lembrar deste dia, cinco recifenses deram seus depoimentos ao JC Trânsito, contando suas experiências e desafios como ciclistas na cidade. Segurança e a falta de ciclofaixas na capital são as principais reclamações, mas o amor pela bicicleta sobrevive em meio a esses desafios.


"Me lembro de meu pai tentando me ensinar a pedalar e dos diversos passeios de bicicleta que fazíamos em família"

Andar de bicicleta sempre foi um prazer para mim. Primeiro, porque me traz várias lembranças afetivas da minha infância e adolescência, pois me lembro de meu pai tentando me ensinar a pedalar e dos diversos passeios de bicicleta que fazíamos em família. Desde então, sempre apoiei a bicicleta como um meio de transporte urbano, mas só há um ano consegui usá-la diariamente para me locomover para o trabalho, faculdade e outros lugares. Logo senti as mudanças: ganhei rapidez nos trajetos, fiquei mais disposta e ativa. Também consegui economizar o dinheiro da passagem de ônibus, o que fez muita diferença no meu bolso.

Infelizmente, a estrutura do Recife ainda é precária para o ciclista. Há poucas ciclofaixas, não existe o respeito dos motoristas de carros e ônibus. Não queremos esse espaço apenas nos domingos, para lazer e turismo, e sim para uma locomoção diária e segura. Apesar dos desafios, continuo apostando na bicicleta para melhorar a mobilidade da cidade, diminuir o estresse no trânsito e, com certeza, ganhar mais saúde.

- Paula Mascarenhas, 30 anos, Professora.


"Não haveria condições de conciliar tudo se não fosse a bicicleta"


Eu decidi virar cicloativista em Abril de 2014 depois de ter minha vida acadêmica prejudicada pelo trânsito de Recife. Eu levava de 1 hora e 30 minutos até 2 horas da Av. Visconde de Suassuna (onde eu fazia um curso no SENAC) até a UFRPE. Chegava atrasado todos e assistia as aulas com fome por não ter tempo pra jantar no Restaurante Universitário. Com a bicicleta, o trajeto diminuiu pela metade e eu tinha tempo pra jantar, descansar e até estudar. Nessa época, juntando as distâncias da minha casa para o trabalho, do trabalho pro SENAC, do SENAC pra UFRPE e da UFPRE pra casa, meu trajeto diário variava de 35 a 50 km. Não haveria condições de conciliar tudo não se fosse a bicicleta.

O principal desafio que enfreno todos os dias no Recife é a falta de educação. Muitos podem reclamar da falta de infraestrutura para o ciclista, mas nada justifica a falta de empatia dos motoristas daqui. Todo dia eu sofro pelo menos 3 ‘’finos’’ que num dia de azar podem custar minha vida. Ciclofaixas são importantes, mas acho que educação e respeito a vida próximo são muito mais.

- Diego Pereira, 24 anos, Autônomo.


"Além da falta de respeito e bom senso dos motoristas, a outra principal dificuldade de ser ciclista em Recife é justamente a falta de ciclofaixas em avenidas movimentadas"

Eu comecei a pedalar ainda criança, apesar de ser o primo mais velho da família eu fui o último a aprender (devia ter uns 11 anos), comecei porque a bicicleta era um meio de transporte altamente usado por toda a minha família, desde os mais velhos até a geração mais nova. Atualmente eu uso a bicicleta para ir a UFPE e para o meu estágio, Na Conab, Órgão Governamental que fica próximo ao Detran, então recorro à bicicleta por ser muito mais prático chegar nesses locais do que pegando um ônibus, por exemplo. As ruas que percorro para chegar no meu estágio são relativamente mais tranquilas e duas delas até possuem ciclofaixa (rua Antônio Curado e rua Gaspar Perez).

Mesmo sendo tranquilas, não é difícil encontrar veículos estacionados nessas ciclofaixas, o que me obriga muitas vezes a dividir a pista com os carros. Além da falta de respeito e bom senso dos motoristas, a outra principal dificuldade de ser ciclista em Recife é justamente a falta de ciclofaixas em avenidas movimentadas, como a Caxangá, que eu evito a todo custo percorrer sempre buscando vias alternativas.

- Elton Ramon, 24 anos, Estudante de Jornalismo.


"Foi em 2014 que levei a coisa mais a sério: depois de entrar em contato com o cicloativismo"

Eu pedalo desde os oito anos de idade pela rua, sempre de forma mais lúdica do que qualquer outra coisa. Mas, desde 2009 eu comecei a usar a bicicleta todos os dias para locomoção, sempre ia pra casa dos amigos e coisa do tipo. Em 2013, quando comecei a trabalhar como professor de inglês, acabei adotando a bicicleta como principal meio de locomoção, alternando com o ônibus, em dias de chuvas pesadas.

Foi em 2014 que levei a coisa mais a sério: depois de entrar em contato com o cicloativismo (Massa Crítica/Bicicletada e a própria AMECiclo), comecei a adentrar discussões sobre o uso da bicicleta como meio de vida e em 2015 entrei para uma empresa de cicloentregas. Desde então, meu trabalho de courier /cicloentregador vem sendo valorizado a partir do momento que a gente consegue percorrer grandes distâncias em tempo recorde, para os parâmetros da vida em Recife. Sobrevivendo a péssima educação dos motoristas e motoqueiros, a gente vai levando documentos, presentes e até comida a quem acredita que a bicicleta é o veículo do futuro.

- André Couto, 27 anos, Courier (Cicloentregador)


"É bom para o meu corpo e minha alma fica em paz"

Desde criança ando de bike, hoje eu tenho 53 anos. Voltei a usar a bicicleta com frequência em 2014. Sou educadora física e amo fazer atividades físicas, uma delas é pedalar. Acho que é bom para o meu corpo e minha alma fica em paz.
Sinto uma grande energia quando pedalo, por isso costumo pedalar de 34 a 50 km por dia. Faço por prazer. Nas minhas pedaladas sempre conheço novas paisagens e novas pessoas, para mim isso é tudo de bom. Amo pedalar na Via Mangue, mas a segurança é algo que eu sinto falta na via.
Já pedalei daqui do Recife para lugares como Itamaracá, no Litoral Norte, e, Porto de Galinhas e Praia de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco

- Fátima Padilha, 53 anos, Educadora Física.

Foto: Paula Mascarenhas/Cortesia
Paula tem um laço afetivo com o meio de transporte - Foto: Paula Mascarenhas/Cortesia
Foto: Diego Pereira/Cortesia
Diego adotou a bicicleta como meio em 2014 - Foto: Diego Pereira/Cortesia
Foto: Elton Ramon/Cortesia
A bicicleta é um meio que está presente na família de Elton - Foto: Elton Ramon/Cortesia
Foto: André Couto/Cortesia
André é cicloativista e cicloentregador - Foto: André Couto/Cortesia
Foto: Fátima Padilha/Cortesia
Fátima usa a bicicleta para atividades esportivas e de lazer - Foto: Fátima Padilha/Cortesia

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