Em protesto, rodoviários estacionam ônibus em ruas do Centro do Recife

A categoria prometeu paralisar as atividades por uma hora em protesto contra a retirada dos cobradores
JC Online
Publicado em 20/04/2017 às 11:50
A categoria prometeu paralisar as atividades por uma hora em protesto contra a retirada dos cobradores Foto: Foto: Monitoramento/CTTU


O Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco realizou um protesto, na manhã desta quinta-feira (20), na Avenida Guararapes e na Ponte Duarte Coelho, no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife. A manifestação teve início por volta das 11h30. A categoria estacionou os ônibus na via, mas liberaram o tráfego às 12h20. A manifestação é contrária à retirada dos cobradores de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Na noite dessa quarta-feira (19), o Sindicato dos Rodoviários publicou, em sua página do Facebook, uma nota falando sobre o assunto. Confira a íntegra: 

O Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana, vem, por meio desta nota, repudiar veementemente as declarações recentes do Promotor de Justiça de Transportes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Humberto Graça, a respeito das demissões de cobradores do sistema de transporte da Região Metropolitana.

Em primeiro lugar, cumpre esclarecer que diferentemente do que foi falado pelo promotor, ainda não existe avanço tecnológico e estrutural que permita a bilhetagem antecipada para a utilização de ônibus, o que, consequentemente, ainda torna necessária a função do cobrador. Exemplo disso é a dificuldade encontrada pela população tanto para adquirir quanto para depositar créditos nos cartões “VEM”.

Além disso, o cobrador também é necessário no auxílio dos motoristas no objetivo de evitar acidentes na entrada e principalmente saída de passageiros, no auxílio para realização de manobras cotidianas, auxílio aos usuários do sistema de transporte público, entre outras situações do dia-dia.

Outro ponto é que tendo em vista a situação atual do país com aumento do desemprego, defender a demissão de trabalhadores é uma atitude extremamente reprovável e que demonstra a insensibilidade de quem deveria ser fiscalizador do cumprimento das leis, principalmente no que se refere ao argumento de que ele impede o “avanço tecnológico”.

Ora, deve ser ressaltado que tal justificativa vai de encontro ao estipulado em nossa Constituição Federal, que já é alvo de tantas violações cotidianas daqueles que não possuem como missão institucional de defendê-la, uma vez que lá é estabelecida à proteção do trabalhador em face da automação, que, entre outros pontos, visa à proteção do mercado de trabalho e da classe trabalhadora em razão do crescente uso de tecnologias.

Também é importante destacar que a justificativa inicial utilizada pelas empresas de ônibus de que a ausência dos cobradores traria como consequência a diminuição de assaltos aos coletivos, não possui qualquer embasamento, pelo contrário, o índice de assaltos a ônibus é cada vez maior, tendo em vista, inclusive, que sem a presença de outro trabalhador a auxiliar o motorista toda coletividade transportada fica ainda mais vulnerável.

A luta do Sindicato é que para além de demissões sem justificativa, o Ministério Público, Urbana-PE, empresas de ônibus, entre outros setores, busquem cada vez mais assegurar a segurança tanto dos rodoviários como dos passageiros. Ademais, importa destacar que mesmo estando sempre disposto a discutir e propor encaminhamentos para a solução dos problemas referentes ao transporte público de passageiros, este sindicato profissional sequer foi convidado a estar presente na reunião onde foram proferidas as declarações aqui refutadas, apesar da presença do sindicato patronal, Grande Recife Consórcio de Transporte, Governo do Estado, entre outras entidades. É fundamental que a classe profissional esteja sempre representada em qualquer espaço de discussão institucional que conte com a presença do patronato tendo em vista os princípios democráticos basilares esculpidos em nossa Carta Magna.

Por fim cumpre ressaltar que é cada vez maior o número de rodoviários expostos a situações de precariedade e insegurança, causando, além do risco à integridade física, problemas de saúde como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, etc. Dessa forma, ressaltamos que o Sindicato estará sempre disposto a dialogar e a propor medidas reais que visem tanto a segurança quanto a qualidade do transporte público e continuaremos cobrando ao Ministério Público de Pernambuco, através de sua Promotoria de Justiça de Transportes, o cumprimento de sua missão constitucional de prezar por uma prestação de serviço público de transporte de qualidade e cidadão, sem comprometer o emprego de milhares de trabalhadores.

Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana, 19 de abril de 2017
 

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