O Bar do Neno e Lula, localizado na Rua Padre Roma, Parnamirim, na Zona Norte do Recife, está sendo alvo de acusações de racismo. Em relato publicado na rede social Facebook, o professor José Carlos Marçal alega que um garçom do bar teria chamado seu amigo, o empresário Fábio Martins, de "negro filho da p***" e "negro liso" após a decisão de não pagar a taxa de serviço de 10%. O caso aconteceu na noite do domingo (5). Na fanpage do Bar, clientes pediram explicação. O caso foi registrado na Delegacia de Casa Amarela, Zona Norte do Recife.
Na publicação, João Carlos, conhecido como Jc Marçal, conta que após a primeira rodada de chopp, Fábio perguntou ao garçom se a próxima poderia vir sem tanto colarinho. O garçom negou o pedido de forma ríspida, dizendo que o chopp do bar era daquele jeito. João ainda conta que os amigos ficaram "constrangidos e surpresos com a grosseria do garçom". "Então começamos a pedir cerveja, mas eu não destratei ele em momento algum", diz o empresário.
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Na hora de pagar a conta, que somou R$ 450, os amigos decidiram por não desembolsar os 10% de serviço. "O garçom estava do lado de Fernanda, esposa de João, e questionou porque não íamos pagar. Ela explicou que ele tinha me destratado e não estávamos satisfeitos com o atendimento", continua Fábio. Segundo a publicação, foi nesse momento que o garçom virou e xingou o empresário de "negro filho da p***". Indignada, Fernanda, quem ouviu o xingamento, exigiu a presença do gerente, mas foi informada que ele não estava no bar. O relato de João continua: "Quando decidimos sair, o garçom disse 'negro liso da p****', eu voltei e disse que iria abrir um processo contra ele e contra o bar. Eles debocharam: 'Chama teus advogadozinhos'".
"Estávamos muito transtornados, ficamos sem ação, não esperávamos que isso fosse acontecer", comenta Fábio. O empresário fez um boletim de ocorrência (BO) e vai denunciar a situação para o Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo do Ministério Público de Pernambuco, conhecido como GT Racismo. Sobre o garçom, ele espera que o bar tome as devidas providências em consideração aos clientes. "Eu quero que o garçom se eduque como pessoa porque ele não pode continuar fazendo isso. Em pleno século 21 é um absurdo conviver com o racismo", finaliza.
Em nota, o bar afirma que repudia qualquer tipo de discriminação ou violência e que está apurando o caso.
"Tendo em vista a postagem veiculada pelo Srs. JC Marçal e Fábio Martins em nossa página, bem como os comentários que se seguiram, gostaríamos de reafirmar o nosso repúdio a qualquer forma de discriminação, preconceito, violência ou grosseria.
Por princípios e convicções, ao longo de mais de 20 anos de atuação, sempre pautamos as nossas ações e orientamos os nossos funcionários a trabalhar com respeito e consideração a todas as pessoas, especialmente os nossos clientes, que são essenciais à nossa existência. Estamos trabalhando intensamente para esclarecer e compreender completamente os fatos relatados na aludida postagem, de modo a tratar adequadamente o assunto e os eventuais responsáveis pedindo, desde já, independentemente de qualquer conclusão a respeito, as nossas sinceras desculpas as pessoas mencionadas na aludida postagem, assim como a todos aqueles que tenham se sentido ofendidos."