DESPEJO IRREGULAR

Em Paulista, o mar não está pra peixe

Esgoto doméstico desemboca no mar, polui águas e dificulta a pesca e a coleta de mariscos na região. Também há risco para a saúde.

Amanda Duarte
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Publicado em 20/07/2015 às 20:30
Foto:  Edmar Melo/JC Imagem
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O despejo de esgoto sem tratamento no mar está prejudicando a pesca no município de Paulista, na Grande Recife. A situação foi alvo de protesto nesta segunda-feira (20), em frente à Colônia de Pescadores da cidade, no bairro do Janga. Segundo o presidente da colônia, Luiz Medeiros, podem ser vistas mais de oito saídas de esgoto desde a ponte do Janga, que divide os municípios de Olinda e Paulista, até a praia de Maria Farinha, trecho com cerca de 14 km. "Nossa rede agora só pega sargaço e lixo", lamenta o pescador Severino Gomes, 48. 

A situação se agravou há três meses, quando a quantidade de peixes e mariscos entrou em estado crítico. Antes em abundância, as espécies tainha, boca mole, saúna e carapeba não são mais encontradas. "Há cinco anos, pescávamos de 80 a 100 quilos de peixe por dia, hoje não pegamos nem um quilo perto da costa, só tem lama", alerta o presidente. Segundo Severino Gomes, a saída seria pescar em alto mar, mas os barcos não estão adaptados para grandes profundidades.  

 

Foto:  Edmar Melo/JC Imagem
A facilidade de transmissão de doenças por meio da água poluída também preocupa os pescadores. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O esgoto doméstico é conduzido para o mar e contamina as águas. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Mais de oito saídas de esgoto podem ser vistas desde a ponte do Janga até a praia de Maria Farinha. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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"Nossa rede agora só pega sargaço e lixo", lamenta o pescador Severino Gomes, 48. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Mais de oito saídas de esgoto podem ser vistas desde a ponte do Janga até a praia de Maria Farinha. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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"Nossa rede agora só pega sargaço e lixo", lamenta o pescador Severino Gomes, 48. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antes em abundância, as espécies tainha, boca mole, saúna e carapeba não são mais encontradas. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Mais de oito saídas de esgoto podem ser vistas desde a ponte do Janga até a praia de Maria Farinha. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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"Antes pescávamos 100 kg de peixe por dia, hoje não pegamos nem 1kg" diz Luiz Medeiros. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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"Nossa rede agora só pega sargaço e lixo", lamenta o pescador Severino Gomes, 48. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antes em abundância, as espécies tainha, boca mole, saúna e carapeba não são mais encontradas. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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"Antes pescávamos 100 kg de peixe por dia, hoje não pegamos nem 1kg" diz Luiz Medeiros. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem

 

"É do mar que nós tiramos o sustento, mas a degradação acabou com a nossa fonte de renda", continua Luiz Medeiros. De acordo com o presidente, os mariscos rendiam mais um salário mínimo por mês e os peixes, cerca de três salários para cada pescador. "Mas hoje o dinheiro não chega a R$ 200". A marisqueira Maria de Fátima Sena, 70, que sustenta 16 pessoas com a renda dos frutos do mar reclama da situação. "Eu estou vivendo com o dinheiro que recebo de lavagem de roupas, não encontro nenhum marisco".

O pescador Domício Marcos Filho, que também é dono de uma peixaria, está apelando para a revenda de peixes congelados para não comprometer o negócio. "Nós já chegamos a trabalhar com quatro freezers, mas hoje os peixes são tão escassos que enchem apenas um", comenta. Domício também colocou o barco à venda. Segundo ele, os lucros não estão cobrindo os gastos com a manutenção e combustível da embarcação.

 

 

A facilidade de transmissão de doenças por meio da água poluída também preocupa pescadores e marisqueiros. "Quando tem muito esgoto, a tendência é acumular lama e isso dá coceira e micoses", explica Severino Gomes. Entre as marisqueiras, esquistossomose e infecção urinária são diagnósticos comuns. "Vendendo mariscos eu ganho R$ 60 por semana, mas só os meus remédios custam R$ 90", reclama a marisqueira Maria de Fátima das Dores, 56. 

A Colônia de Pescadores de Paulista, formada por 600 trabalhadores, está movendo uma ação indenizatória contra a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA). A reinvidicação é para a construção de uma base de tratamento de água para o esgoto da cidade. "Isso não beneficia só os pescadores, mas também os banhistas", justifica Luiz Medeiros. Em nota, a COMPESA informa que visitou os pontos de lançamento de esgoto no mar. Segundo a companhia, nenhum dos locais apontados pelos pescadores se referem a esgotos decorrentes de sistemas operados pela Compesa. Uma audiência pública para discutir o tema está marcada para o dia 11 de agosto, na Câmara de Vereadores de Paulista

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