PRAIA

Aumento de caravelas liga o alerta para banhistas em Boa Viagem

Para evitar transtornos, saiba como prevenir e cuidar de queimaduras causadas por caravelas

Ana Tereza Moraes
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Ana Tereza Moraes
Publicado em 30/11/2018 às 13:00
Guga Matos/JC Imagem
FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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Com o início da temporada de praia, os pernambucanos logo correm para beira do mar em busca do sol e água fresca do verão. No entanto, para os que optarem pela orla de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, é preciso ficar atento a uma companhia que, apesar de visualmente atrativa, pode causar transtornos: as caravelas. Através dos seus tentáculos, que podem chegar a até 50 centímetros, elas liberam toxinas que agem como um veneno de efeito doloroso na pele humana, causando reações semelhantes a de uma queimadura.

Na última semana, algumas pessoas já puderam observar um aumento no número desses animais em Boa Viagem. Pela orla, bandeiras e placas já indicam a presença desses animais, assim como de tubarões. O vendedor de queijo Pedro Henrique, de 23 anos, que está sempre pela área, já testemunhou as consequências do contato direto das caravelas com os banhistas. "Vi algumas crianças machucadas. De vez em quando vejo meninos chorando porque se queimaram. Já vi muitas dessas por aqui, é preciso ter cuidado", conta.

Em situações como estas, a dermatologista Mecleine Dantas recomenda que o indivíduo se afaste o quanto antes do animal e, caso o incidente ocorra no mar, tentem sair da água o mais rápido possível. "Se o veneno se espalhar muito, você pode chegar a sentir tonturas e dificuldades de respirar. Então a primeira coisa é sair o mar e afastar a caravela, caso os tentáculos ainda estejam presos. É bom procurar um tecido ou algum pano que possa ajudar a proteger sua mão e remover o que está aderido à pele com cuidado", aconselha.

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Na praia de Boa Viagem, há avisos para tomar cuidado com alguns animais marinhos - Guga Matos/JC Imagem
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Os tentáculos das caravelas podem chegar a 50cm, e são eles que causam as queimaduras - Guga Matos/JC Imagem
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Pedro Henrique, vendedor de queijo, já presenciou muitas queimaduras em Boa Viagem - Guga Matos/JC Imagem
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A 'bolha' da caravela, por si só, não queima, mas a recomendação é não tocar - Guga Matos/JC Imagem
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Aumento de caravelas na praia de Boa Viagem liga o alerta para os banhistas - Guga Matos/JC Imagem
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Janete Melo já se queimou com caravelas quando era pequena - Guga Matos/JC Imagem

Janete Melo, de 21 anos, já sentiu na pele as consequências do contato com as caravelas, e agora tem cuidados redobrados ao ir a praia com a família. “Quando eu era pequena já me queimei em Boa Viagem. Ardeu muito. Hoje fico muito atenta pro meu filho não se machucar. Água, por enquanto, só da piscina", adverte. Para cuidar do ferimento, a dona de casa diz ter usado gelo na região, mas a prática não é recomendada pelos profissionais.

Fernanda Duarte Amaral, professora da UFRPE e coordenadora do Laboratório de Ambientes Recifais (LAR), alerta que água doce “nem pensar”. Isso pode fazer com que as toxinas do veneno penetrem ainda mais na pele. O mais recomendado é sempre usar vinagre, que possui ácido acético e é ideal para esse tipo de queimadura. Água do mar, por sua vez, também pode ser uma boa aliada para lavar o local ferido e limpar o veneno, principalmente se estiver gelada.

Depois de todos os cuidados iniciais, quem entrou em contato com uma caravela deve ficar atento a reação do próprio corpo nas próximas 24h. Se houver sintomas como náuseas, febre e vômito, será preciso procurar um posto de saúde. “No geral, os acidentes não trazem grandes problemas, mas algumas pessoas são mais sensíveis e podem precisar ir para o hospital, principalmente os que possuem muitas alergias”, diz Fernanda.

Afinal, o que são as caravelas?

As caravelas são, na verdade, uma colônia de animais do grupo Filo cnidária, o mesmo das anêmonas, corais e medusas. Comuns em regiões oceânicas, elas normalmente vivem longe da costa, mas são trazidas para o litoral com a ajuda de chuvas e correntezas. No verão, a ocorrência aumenta por ser o período de reprodução desses animais.

Seus tentáculos são formados por conjuntos de organismos que funcionam como um só, e são eles que liberam as toxinas que causam reação semelhante a uma queimadura. Em destaque, há uma espécie de bolha transparente e vistosa, que, segundo a professora, é um único indivíduo, chamado de flutuador.

A professora Fernanda ressalta que, apesar de normalmente as bolhas não trazerem danos para a pele, é melhor evitar tocá-la: "Ela, por si só, não queima, mas pode ser que alguns dos tentáculos tenham se enrolado naquele indivíduo e causem queimaduras leves na mão".

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