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Engenho da Torre: antigas edificações tombadas pelo Estado

Por unanimidade, o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural fez o tombamento das edificações remanescentes do Engenho da Torre, no Recife

Da Editoria Cidades
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Publicado em 08/12/2018 às 7:07
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Por unanimidade, o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural fez o tombamento das edificações remanescentes do Engenho da Torre, no Recife - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a sede da Escola Estadual Maciel Pinheiro e a chaminé da Praça Professor Barreto Campelo, no bairro da Torre, Zona Oeste do Recife, foram tombadas pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Edificações remanescentes do antigo Engenho da Torre, construído no século 16 e reformado nos séculos seguintes, elas agora serão protegidas por lei e não podem ser descaracterizadas.

“O Engenho da Torre é o único que restou do ciclo do açúcar no Recife”, afirma o historiador Leonardo Dantas, que fez o pedido de tombamento em 2013 e atuou como relator do processo no conselho. De acordo com ele, a igreja mantém até hoje a mesma altura e a mesma quantidade de portas e janelas na fachada. A antiga casa-grande, onde funciona a escola estadual, preserva as divisões internas de quando abrigava uma moradia.

Leonardo Dantas acrescenta que a chaminé do engenho, posteriormente usada por uma olaria, conserva características originais. “O tombamento é importante porque mostra à população a triangulação descrita por Gilberto Freyre (sociólogo pernambucano falecido em 1987, aos 87 anos): casa-grande, capela e engenho (fábrica onde se fazia o beneficiamento do açúcar)”, destaca o historiador.

Inicialmente denominado Engenho do Rosário, a propriedade passa a ser identificada como Engenho da Torre no século 18, por causa da torre sineira (onde ficam os sinos) instalada na capela e ainda existente, informa Leonardo Dantas. “O nome mudou, mas até hoje a padroeira da paróquia é Nossa Senhora do Rosário.”

Perdas

Nos séculos 16 e 17, observa Leonardo Dantas, o Porto do Recife era cercado por engenhos de cana-de-açúcar. Ao longo dos anos, a cidade perdeu os Engenhos Várzea, Cordeiro, Madalena, Curado e Uchôa (Tejipió) entre outros. “Muitos escoavam o açúcar em balsas pelo Rio Capibaribe até o Porto (área central)”, declara.

Segundo o historiador, quando foi demolido na década de 1960, o Engenho Uchôa produzia melaço. “Dele sobrou apenas a mata”, lamenta Leonardo Dantas, ressaltando que o tombamento do Engenho da Torre garante a preservação das edificações, que não poderão ser demolidas.

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