"Quando acontece alguma coisa nesse Estado, a gente faz o quê? Liga para o celular do governador?"

A frase dita por Lorena Albuquerque, amiga de Fernanda Mateus, estudante da UFPE assassinada na tarde desta terça-feira (12), durante um assalto na Estrada de Aldeia, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, demonstra a indignação da estudante com o serviço de segurança pública do Estado. Lorena relata que tentou ligar várias vezes para o 190, mas ninguém no departamento atendia as ligações.

"Eu estava dirigindo, com o telefone e com minha amiga baleada ao meu lado. Gritava muito, mas ninguém ajudava. Além disso, não conseguia falar com a polícia. Tentei ligar mais de 10 vezes para o 190, mas ninguém atendeu. Quando acontece alguma coisa nesse Estado, a gente faz o quê? Liga para o celular do governador?", disse a estudante em tom de revolta.

Além da dor pela perda da amiga, Lorena enfrentou o medo de que os assaltantes voltassem para matá-la. "Eu estava ali, no meio do mato, sozinha, sem conseguir chamar a polícia. Se eles quisessem, voltavam e me matavam também".

Após o ocorrido, a jovem conseguiu dirigir até uma casa próxima ao local do crime. Foi quando moradores da área se aproximaram e ofereceram ajuda e uma das pessoas avisou que Fernanda já estava morta. Lorena lembrou que, há uma semana, tinha conversado com Nanda sobre desarmamento. E lembrou do Massacre de Realengo. "Semana passada, morreram 12 meninas no Rio. Para que tanta gente armada, meu Deus?"

O corpo da vítima está sendo velado na capela do Cemitério de Santo Amaro. O enterro será nesta quarta-feira (13), às 15h. A família pede que os presentes vistam branco como forma de apoio ao desarmamento.

Sobre a declaração, a assessoria de imprensa da Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que está apurando o fato para se posicionar sobre o assunto.