DOR

Família lamenta morte de menina de 2 anos em Jaboatão dos Guararapes

O caso gerou revolta em moradores da região, que realizaram um protesto na tarde dessa sexta-feira

Editoria de Cidades
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Publicado em 05/08/2017 às 8:38
Foto: Reprodução/ TV Jornal
O caso gerou revolta em moradores da região, que realizaram um protesto na tarde dessa sexta-feira - FOTO: Foto: Reprodução/ TV Jornal
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“Não toque em mim que eu tenho medo”. A frase da pequena Sthefanny Vitória da Silva, de apenas 2 anos e três meses, foi dita a um policial que passava e teria tentado brincar com a menina um dia antes de ela levar um tiro na cabeça, numa troca de tiros, no final da manhã de ontem, entre policiais do 19º Batalhão e suspeitos que estavam sendo perseguidos no bairro de Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. É o que conta, emocionada, a avó da criança, Elisângela Maria da Silva. O caso gerou grande revolta entre moradores da região, que fecharam os dois sentidos da BR-101 Sul, no limite entre Jaboatão e Recife, durante protesto. Três suspeitos foram presos com duas armas de fogo e drogas.

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), policiais militares estavam cumprindo mandado de prisão, quando notaram quatro homens em atitude suspeita. Apesar da ordem dada pelos PMs, para que parassem, dois suspeitos teriam fugido e começado a disparar. A menina estava comendo pipoca em frente à casa de uma vizinha, acompanhada de uma tia de 13 anos, quando foi atingida por um tiro na cabeça. Sthefanny chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Lagoa Encantada, no Ibura, Zona Sul do Recife, mas não resistiu ao ferimento.

Três dos quatro suspeitos foram presos e levados para a Delegacia da Mustardinha, na Zona Oeste da capital. Com eles, a polícia encontrou duas armas de fogo – uma calibre 38 e outra 32 –, 28 munições, um quilo de maconha em barra e outros 28 papelotes da droga. Moisés Cabral da Silva, Felipe Lopes Prado e Edson Souza de Araújo foram autuados em flagrante. O último tem passagem pela polícia por crime de roubo. Eles passarão por audiência de custódia para determinar se devem responder em liberdade pelo material encontrado.

PERÍCIA

As investigações seguirão para o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), no Cordeiro, na Zona Oeste, e ficarão sob responsabilidade do delegado Francisco Océlio. Ainda de acordo com a SDS, as armas dos policiais, bem como as que foram apreendidas com os suspeitos, passarão por perícia. O objetivo é descobrir se o tiro que matou a pequena Sthefanny partiu da arma dos PMs ou dos supostos bandidos.

“Escutei uns barulhos, mas a gente nem imaginava que era tiro. Corri para a rua e encontrei a menina no braço da minha irmã. A mãe dela tinha ido fazer feira e Sthefanny estava na esquina esperando”, conta uma tia, que preferiu não se identificar. “Foi tão rápido que a gente não tem nem explicação. Uma bebezinha de 2 anos, que ainda nem viveu a vida. Se fosse trazer a vida dela de volta, eu ia procurar justiça. Mas vai trazer? O culpado vai pagar? Não vai. Eu quero a justiça de Deus. Era um anjo, tá na mão de Deus”, desabafou.

Segundo moradores, policiais militares têm atuação truculenta na comunidade. “A gente fica sem chão, sem saber o que fazer, era minha única neta. Não posso afirmar quem foi, porque não estava na hora. Mas deviam ter respeitado, era uma criança”, lamenta a avó. O corpo da menina foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área central do Recife.
Revoltados, moradores da região realizaram um protesto durante a tarde de ontem. Eles queimaram pneus e reclamaram da violência na área.

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