O sofrimento dos pais, irmãos e amigos do médico e advogado Denirson Paes da Silva, 54 anos, pode ser aplacado. Depois de 21 dias, os restos mortais – que começaram a ser encontrados no último dia 4, esquartejados e carbonizados, em uma cacimba no condomínio onde morava em Aldeia, Camaragibe – foram liberados no fim da tarde de ontem pelo Instituto de Medicina Legal (IML). O sepultamento está previsto para as 17h deste sábado (28) no cemitério de Campo Alegre de Lourdes, sua terra natal, no interior baiano. A mulher Jussara Rodrigues Paes da Silva, 54, e o filho mais velho do casal, Danilo Paes, 23, são suspeitos do crime e estão presos.
Bombeiros e equipes responsáveis por escavações resgataram 90% do cadáver, que estaria no poço há mais de um mês. O material deveria seguir de avião ainda nessa sexta-feira (27) para Salvador (BA). De lá, serão mais 872 km de carro até Campo Alegre. “Foi angustiante. É muito doloroso perder um filho e ainda mais ter que esperar esse tempo todo para poder enterrar. Mais ainda saber que não vamos enterrar completo e, sim, as partes encontradas”, lamentou, em entrevista por telefone, o pai de Denirson, o aposentado Francisco Ferreira da Silva, 79 anos, que tem outros três filhos. “Ele vai ser o primeiro da minha família a ter um túmulo. Denirson foi meu segundo filho com minha mulher. Éramos seis.”
A polícia ainda investiga as causas do crime e não descarta a hipótese de separação proposta pelo médico e rejeita pela mulher. “Eles vinham brigando muito, se desentendendo desde antes. Meu filho falava que era ela ficava querendo que ele fosse a festas e fizesse viagens sempre. Reclamava sempre de ela pedir muito. As viagens ele ainda fazia, mas era uma pessoa caseira e não ia muito a festas”, recordou o pai.
A consternação de Francisco é compartilhada por sua filha mais velha, Cleonice Paes. Na quinta-feira, ela, que mora em Petrolina, no Sertão do Estado, prestou depoimento na Delegacia de Camaragibe, no Grande Recife. Durante cerca de uma hora e meia, Cleonice contou à polícia ter consolado a cunhada, suspeita do assassinato, uma semana depois do desaparecimento do seu irmão e acompanhou Jussara à delegacia para registrar o boletim de ocorrência do sumiço. “Meu sentimento é de traição. Fui para casa dela ampará-la e ela fez esse horror com meu irmão. Meu irmão numa cisterna do lado de fora e eu dentro da casa consolando ela no quarto. Acho que meu sobrinho mais velho também tem culpa”, afirmou, em entrevista à TV Jornal.
O inquérito policial já foi encaminhado à Justiça, que no último dia 17 decidiu encaminhar os dois suspeitos a júri popular. O julgamento ainda não tem data. Desde o dia 5 deste mês que os suspeitos estão presos. O advogado de defesa de Jussara e Danilo, Alexandre Oliveira, já entrou com dois pedidos de habeas corpus. Ambos foram negados. Procurado pela reportagem a defesa dos suspeitos não quis se pronunciar sobre o assunto.
O cardiologista foi visto pela última vez no dia 31 de maio chegando em sua residência. No dia 20 de junho, a esposa do médico havia registrado um boletim de ocorrência registrando o desaparecimento de Denirson. Após investigações, a polícia desconfiou de Jussara e do filho mais velho do casal e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio onde a família morava. Lá, foram encontrados os restos mortais do cardiologista, no dia 4 de julho. No último dia 10, a Polícia Civil confirmou que os restos mortais eram de Denirson.