Chaminé II

Segunda fase de operação contra peculato em Paulista é deflagrada

Objetivo é desarticular uma organização criminosa especializada em peculato e lavagem de dinheiro

JC Online
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Publicado em 10/12/2018 às 10:13
Foto: Divulgação/Paulo César/PCPE
Objetivo é desarticular uma organização criminosa especializada em peculato e lavagem de dinheiro - FOTO: Foto: Divulgação/Paulo César/PCPE
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A Polícia Civil desencadeou, na manhã desta segunda-feira (10), a 65ª Operação de Repressão Qualificada do ano, segunda fase da Operação Chaminé, denominada 'Chaminé II'. O objetivo é desarticular uma organização criminosa especializada em peculato e lavagem de dinheiro no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. 

As investigações da Operação Chaminé II foram iniciadas em agosto de 2018 pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco). Ao todo, foram expedidas 10 ordens judiciais, sendo quatro mandados de prisão e seis de busca e apreensão.

O delegado Diego Pinheiro, da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado, está à frente das investigações. Os presos e os materiais apreendidos devem ser encaminhados para a sede do Draco. 

Foram cumpridos três dos quatro mandados de prisão emitidos na operação. Seis mandados de busca e apreensão também foram cumpridos. 

Esquema

Segundo o delegado, servidores fantasma eram nomeados como assessores parlamentares do então vereador. "Ele se aproveitava da pouca instrução de algumas pessoas prometendo empregos para elas, e elas davam todos os dados de documentação", afirmou Pinheiro.

Os salário dos assessores eram desviados no esquema. "Eles também marcavam viagens para esses assessores, solicitando diárias, que também eram desviadas", explicou o delegado. "Muitas pessoas nem sabiam que tinham os nomes usados nesse esquema, outras sabiam, mas devido a pouca instrução, ficavam aguardando os empregos", continuou.

"Através de outros servidores, era facilitado que os cheques destinados a esses assessores chegassem ao ex-vereador. Seguranças e motoristas também levavam os funcionários fantasma ao banco, para descontar os cheques e levar o dinheiro ao acusado", detalhou Pinheiro. Ao todo, o esquema teria desviado cerca de R$ 500 mil, de salários e diárias. 

A operação fez uma busca na União dos Vereadores de Pernambuco (UVP), no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. "Achamos por bem fazer essa busca e apreensão pois foram emitidos vários certificados de conclusão de curso e de participação em congressos para servidores fantasmas". Segundo o delegado, o vereador de Timbaúba Josinaldo Barbosa de Araújo (PTB), presidente da UVP, vai ser questionado sobre a emissão dos documentos.

Ex-vereador foi preso na 1ª fase da Operação Chaminé 

Um dos alvos da Operação Chaminé foi o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Paulista, Iranildo Donicio de Lima. Ele conseguiu a liberdade provisória e responde o processo em liberdade. Os recursos desviados teria sido investido em mais de 13 imóveis em nomes de terceiros, mas que pertenceriam ao ex-vereador. Com a nova investigação, Iranildo será indiciado pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Além dele, um ex-candidato a prefeito de Araçoiaba, uma funcionária da câmara de Paulista, um empresário e um outro suspeito também foram detidos no mês de agosto.

O esquema, a qual o grupo tinha ligação, consistia em contratar uma empresa de fachada, no ramo de construção, que se aproveitava de reformas e melhorias em prédios públicos de Paulista para fraudar valores.

Durante as investigações, foi constatado que a licitação tinha sido disputada por três empresas, todas de conhecidos do ex-presidente da Câmara. De acordo com o delegado Diego Pinheiro, Iranildo colocava as empresas na disputa, para dar uma falsa sensação de concorrência, pois já sabia a empresa certa. 

Além de Iranildo Domício, estavam envolvidos no esquema, Elias Ulisses da Silva, Mauro Monteiro de Melo, José Roberto Lima dos Santos Silva e Lúcia Maria do Nascimento.

Elias é empresário do ramo de construção civil e teria dado o dinheiro ao, na época, presidente da câmara, para que a empresa EUS fosse favorecida. Juntamente com Mauro, conhecido como “Monteirinho”, o empresário falsificava documentos para fraudar as licitações. José Roberto, chamado de “Bebeto”, atuava como laranja do ex-vereador. Ele possuía uma empresa de fachada, usada por Iranildo para praticar as fraudes nas licitações.

A função de Lúcia Maria era lavar o dinheiro público. Ela, que é advogada e ocupava o posto de diretora e membro do conselho de licitação da Câmara dos Vereadores de Paulista, usava a conta bancária pessoal para praticar a corrupção e peculato.

Os cinco responderão por associação criminosa, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, uso de documentos falsos, peculato e lavagem de dinheiro.

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