TORTURA E CÁRCERE PRIVADO

Pastor trancava mulheres em 'quarto do castigo' com cobras para torturá-las por indisciplina

Vítimas contam que Eddy de Jesus, preso por suspeita de maus tratos, também as espancava com mangueira, esfregava roupas íntimas em seus rostos, e, em algumas situações, as algemava

JC Online
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Publicado em 16/01/2019 às 17:18
Foto: Cortesia/Polícia Civil
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O pastor Edson Alberto Queiroz da Silva, que foi preso nesta quarta-feira (16), trancava as integrantes do projeto de acolhimento para dependentes químicos dentro de um “quarto do castigo” com duas cobras, na tentativa de torturá-las por indisciplina. Uma delas passou três dias em cárcere privado sem alimentação. Esse e outros hábitos foram relatados pela delegada Natasha Dolci, titular da delegacia do Cabo de Santo Agostinho, onde as nove mulheres e três adolescentes denunciaram o religioso, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

A delegada também contou que Eddy de Jesus, como é conhecido, espancava as mulheres com mangueira, esfregava roupas íntimas nos rostos delas, e, em algumas situações, as algemava. Apesar da “fala mansa e do jeito amoroso”, detalhes destacados pela delegada, o depoimento das doze vítimas relatam o mesmo hábito do pastor, que, segundo elas, mudava de perfil quando as mães saíam do local.  

“Foi necessária a prisão preventiva por conta do medo que ele causa às testemunhas, devido à influência que exerce sobre outros religiosos que o apoiam. Isso poderia causar a coação de testemunhas ou até destruição de provas”, disse Natasha Dolci.

O juiz da 2º Vara Criminal autorizou a prisão por 30 dias, após colher relatos de agressão psicológica, física e constantes ameaças.

Ambiente insalubre

Informações divulgadas pela polícia, contam quem o abrigo funcionava em um sítio, composto por quatro casas. Apenas uma delas tinha o ambiente limpo e de possível vivência. “As outras casas têm um ambiente totalmente insalubre, sem guarda-roupas, todos os pertences das garotas misturados”, lamenta a delegada.

Em perícia na casa, agentes identificaram que no quarto onde elas dormiam não havia maçaneta. O pastor chegou a confessar à polícia que trancava as portas pelo lado de fora e só abria no dia seguinte, por volta das 5h.

 

Foto: Cortesia/Polícia Civil
No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil
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No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil
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No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil
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No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil
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No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil
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No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil
Foto: Cortesia/Polícia Civil
No quarto onde as vítimas dormiam não havia maçaneta, e o pastor as trancava pelo lado de fora - Foto: Cortesia/Polícia Civil

 

Relações sexuais com adolescente

Uma outra investigação será iniciada contra Eddy de Jesus, após a polícia descobrir que ele mantinha relações sexuais com uma adolescente de 17 anos, que está grávida de quatro meses. Em defesa, o pastor disse que ela não era participante do projeto, e que a relação sempre foi consentida. “Apenas uma das doze vítimas informou algum tipo de abuso sexual. Ele será investigado por este e pelo envolvimento com a adolescente gestante”, informou Natasha.

Na casa dele foram apreendidos dois computadores e um celular, que, segundo as vítimas, era usado para filmar as agressões. “A perícia está com estes equipamentos e fará a análise de arquivos para resgatar estes possíveis vídeos”, detalhou a delegada.

Sob cuidados

O presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Cabo informou que a atitude de denunciar o homem pelos maus tratos partiu da mãe de uma adolescente acolhida pela casa. Segundo o Conselho Tutelar, as menores de idade foram encaminhadas para outra instituição na cidade e as mulheres para casa de parentes.

Caso seja considerado culpado, Eddy poderá responder por tortura, com agravante de cárcere privado.

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