CASO LEANDRA

Veja como polícia chegou até suspeito de matar esposa no Recife

O suspeito foi preso nessa terça-feira (18) e levado para o Cotel, em Abreu e Lima

Marcelo Aprígio
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Publicado em 19/02/2020 às 10:59
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O suspeito foi preso nessa terça-feira (18) e levado para o Cotel, em Abreu e Lima - FOTO: Foto: Reprodução
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Preso na noite dessa terça-feira (18), o suspeito de assassinar a esposa, a fotógrafa Leandra Jennyfer da Silva, de 22 anos, no dia 9 de fevereiro de 2020, Raphael Cordeiro Lopes, 32, estava em um prédio comercial no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, e não resistiu à prisão, segundo apuração do Jornal do Commercio.

Após a expedição do mandado de prisão preventiva contra o suspeito, por volta das 17h dessa terça (18), os policiais, conhecendo a localização dele, montaram campana em frente ao edifício. Ao sair, Raphael recebeu voz de prisão e foi levado à delegacia do Cordeiro, também na Zona Oeste, onde foram informados seus direitos e notificados seu advogado e família.

Após isso, o companheiro da vítima foi conduzido ao Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área Central do Recife e, em seguida, para Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

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Raphael tinha um relacionamento de quatro anos com Leandra. No último dia 8 de fevereiro, um sábado, o casal foi a uma prévia de Carnaval em Olinda, no Grande Recife. Na madrugada de domingo, ainda durante o evento, os dois teriam discutido porque o homem estaria consumindo drogas. Leandra, então, voltou para a casa onde os dois viviam, na Madalena, Zona Oeste da capital. Raphael teria chegado em seguida e uma luta corporal teria iniciado, na presença do filho do casal de um ano e meio. 

Por volta das 6h, o homem apareceu na casa da amiga da família que tomava conta da criança, ensanguentado. À babá ele contou que havia disparado acidentalmente contra Leandra e pediu que a amiga socorresse a vítima. A mulher encontrou Leandra desacordada na residência. A fotógrafa, então, foi socorrida por vizinhos e levada ao Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. 

Na segunda-feira (10), durante o velório de Leandra, Raphael enviou uma mensagem através de um aplicativo para a ex-sogra. Nela, ele admite ter cometido o crime, pede perdão à família e diz que a morte da companheira foi um acidente. Também pede à mãe da ex-mulher que cuide da criança. Além do menino de um ano e meio, Leandra deixou outro filho, de seis anos, que vivia com a avó materna. 

Se apresentou, mas foi liberado

Acompanhado dos advogados, Raphael se apresentou na Delegacia do Cordeiro, na Zona Oeste, no dia 13 de fevereiro, mas foi liberado por falta de mandado de prisão preventiva, causando revolta na família. O inquérito foi concluído e remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no dia 14, junto ao pedido de prisão do homem. A Justiça concedeu o pedido na tarde dessa terça-feira (18), nove dias após o crime. 

"Eu sempre dizia para ela: 'minha filha, se livre dele'"

Em entrevista ao JC, a mãe de Leandra, Josiane Oliveira, 44 anos, contou que já havia aconselhado a filha diversas vezes para dar um fim ao relacionamento, devido aos comportamentos de Raphael. Josiane relatou que ela criava o neto mais velho e que a fotógrafa havia se afastado da família depois que casou com o empresário. "Eu cheguei do trabalho e fui me deitar. Acordei com a ligação da menina que toma conta do filhinho dela, dizendo que havia acontecido um acidente. Ela disse que Leandra tinha sido ferida no braço. Quando eu chego, ela já vem chorando dizendo que minha filha estava morta", afirmou.

De acordo com Josiane, após cometer o crime, Raphael teria ido na casa da babá do filho do casal e assumido que teria matado a esposa. Josiane explica que Raphael e Leandra brigavam com frequência e que, há uma semana, discutiu com o homem. "Eu disse: 'minha filha, você tem precisão disto não. Você sempre trabalhou comigo. Você não precisa estar se submetendo a isto'. Na minha presença ele nunca fez, mas meu neto de seis anos já falou para mim que Raphael havia dado um empurrão nela e que ela tinha caído no chão", acrescenta Josiane.

A mãe da fotógrafa relata que quem socorreu Leandra foi a babá do filho mais novo dela. "Se ele tirasse minha vida, eu tava satisfeita. Mas ele tirou a vida da minha filha. Ele me matasse e eu não queria saber de nada, mas ele matou minha filha", completou.

Projeto Uma por uma

Existe uma história para contar por trás de cada homicídio de mulher, em Pernambuco. O especial Uma por Uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações dos crimes, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis das vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime.

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