Saúde

Microcefalia: Médicos reforçam monitoramento dos bebês

Especialistas ainda não sabem o órgão que pode vir a apresentar maior comprometimento por essa malformação congênita. Por isso, muitas avaliações estão sendo realizadas

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 12/12/2015 às 6:44
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Especialistas ainda não sabem o órgão que pode vir a apresentar maior comprometimento por essa malformação congênita. Por isso, muitas avaliações estão sendo realizadas - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Ainda é cedo para os especialistas preverem as complicações mais comuns que podem aparecer nos bebês que nasceram recentemente com microcefalia, condição que passou a ser relacionada à infecção pelo vírus zika na gestação. Predomina a incógnita sobre a evolução desses recém-nascidos com o passar dos anos. “Em relação a esses casos mais recentes, ainda não sabemos o órgão que pode vir a apresentar maior comprometimento por essa malformação congênita. Por isso, estamos realizando tantas avaliações. Muito tem se falado em problemas oftalmológicos porque sabemos que, diante de qualquer comprometimento cerebral, o olho fica sujeito a apresentar alterações”, diz a chefe do Setor de Infectologia Pediátrica do Huoc, Ângela Rocha.

Nos casos de microcefalia causados por toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus, especialistas reconhecem que há comprometimento auditivo, ocular e neuropsicomotor. Para esses novos bebês, contudo, ainda não há um padrão de complicações estabelecido. 

“Recebemos cerca de 20 recém-nascidos encaminhados do Hospital Barão de Lucena, Hospital Agamenon Magalhães e Cisam. Desse total, um apresentou catarata congênita, mas precisamos avaliar uma amostra maior para saber se tem relação com o vírus zika. Em geral, temos observado nos bebês alterações que podem indicar baixa visão. Vamos promover um mutirão para analisar os casos”, esclarece a oftalmopediatra Liana Ventura, presidente da Fundação Altino Ventura (FAV). O atendimento gratuito acontece nesta segunda-feira (14), a partir das 7h, na FAV da Boa Vista, área central do Recife. 

Como os bebês com microcefalia têm risco aumentado para apresentar alterações nos olhos e em outros órgãos, médicos de várias especialidades têm se empenhado para analisar cada situação. “No início da gestação, há células do embrião que migram para formar algumas partes do coração e também do cérebro. Já que há um fenômeno que parece comprometer o desenvolvimento do feto na fase embrionária, seja causado pelo zika ou outro agente, é válido questionar se isso afetaria outros órgãos. Por isso, é importante que o bebê com microcefalia também passe por avaliação cardiológica”, diz a cardiopediatra Sandra Mattos, do Real Hospital Português. 

A pequena Valentina, 1 mês, que nasceu com microcefalia, passou ontem por um check-up do coração. “Ainda bem que deu tudo normal”, contou a mãe da menina, a dona de casa Dhulia Nascimento, 24. “Agora ela precisa fazer os testes do olhinho e da orelhinha, mas está difícil para marcá-los. Para não perder tempo, minha filha já está fazendo fisioterapia na AACD.”

A saúde auditiva dos bebês com microcefalia também merece atenção. Na Clínica-Escola de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), quatro crianças já passaram por avaliação auditiva. “Os resultados, por enquanto, são variados e não podem sugerir um padrão da audição desses bebês que recentemente nasceram com microcefalia. Mas certamente eles precisam de acompanhamento por toda a primeira infância, pois há chance de a perda auditiva aparecer tardiamente”, frisa a fonoaudióloga e professora da UFPE Lilian Muniz. 

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