Ao acordar, antes de dormir, no trabalho, durante a prática de exercícios físicos, na fila de espera, no ônibus. O fone de ouvido tornou-se um item essencial e com isso, nossos ouvidos são mais solicitados do que nunca. O que muitos não sabem, porém, é que o uso excessivo desse aparelho pode causar sérios problemas de saúde, levando até a uma perda auditiva irreversível.
De acordo com um estudo promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso de fones de ouvido em volume alto por mais de 90 minutos por dia aumenta o risco de a pessoa desenvolver zumbido ou perda da audição em um prazo de cinco anos. Caso o aparelho seja utilizado na potência máxima, os riscos aumentam em 70%.
Esse dano devido a exposição a altos volumes é lento e progressivo. Outro estudo, da revista científica “International Journal of Audiology”, aponta que um em cada quatro adolescentes corre risco de sofrer perda de audição devido ao volume de som colocado no fone de ouvido. A pesquisa analisou os hábitos de 289 adolescentes com entre 13 e 17 anos, por meio de questionários e medindo o volume que eles usam para ouvir seus aparelhos portáteis em ambientes silenciosos ou barulhentos.
Foi constatado que 80% deles usam os fones com frequência. Por dia, 21% ouvem música entre uma e quatro horas por dia e 8% utilizam o aparato por mais de quatro horas consecutivas. O resultado disso é que 25% dos participantes estão sob sério risco de perda auditiva. O equipamento afeta a audição se for usado em volume alto demais ou por muitas horas seguidas. A 85 decibéis, o tempo de exposição máxima por dia é de oito horas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Otologia. Conforme o volume aumenta, o tempo de exposição diminui. A 115 decibéis, por exemplo, a exposição não deve ser superior a 15 minutos.
Para saber a potência de cada aparelho é preciso verificar a indicação no manual do usuário, já que nem todos seguem uma padronização. A situação pode ser agravada caso o equipamento seja utilizado em ambientes barulhentos. Para compensar o volume do ruído, a pessoa tende a aumentar demasiadamente o volume do fone, prejudicando a audição ainda mais.
O uso do aparato em apenas um ouvido, ao invés de ambos, pode causar doença do labirinto, a labirintopatia, além de problemas auditivos, como a perda da audição e das funções auditivas - localização, discriminação, estereofonia.
Profissionais que trabalham em ambientes com exposição constante a zumbidos e barulhos altos também podem sofrer com esses problemas. São eles motoristas de ônibus, músicos, DJs, barmen, metalúrgicos e quem trabalha em gráficas. Quem frequenta baladas com muita frequência também pode estar sujeito a problemas de audição. Zumbidos que surgem depois da festa já são sinais de alerta e sensibilidade. Estresse, envelhecimento e cigarro também podem provocar o distúrbio.
Cuidados
Para evitar esses problemas e fazer com que o ato de ouvir música com fones de ouvido continue sendo um prazer, alguns cuidados devem ser tomados:
1- Prefira fones de ouvido que ficam externos à orelha. Os modelos intra-auriculares, menores, são mais prejudiciais. Quanto mais distante do conduto auditivo estiver a fonte de som, melhor.
2- Limpe os fones. O fone pode contaminar o ouvido da pessoa, portanto, eles precisam ser limpos com gaze umedecida em álcool. Isso deve ser feito especialmente caso a pessoa empreste o equipamento para outra pessoa. Também é importante ter uma caixa para guardar o fone, em vez de jogá-lo dentro da bolsa ou deixá-lo exposto à poeira.
3-Não espere “perceber” a diminuição de sua capacidade auditiva. Quando o indivíduo nota a redução da própria capacidade auditiva, muitas vezes já tem uma perda leve a moderada instalada. Sinais como zumbidos ou a sensação de ouvido tampado já podem ser sinais de perda auditiva; nesses casos, um especialista deve ser consultado.
4-Dê um descanso aos ouvidos. É importante dar uma pausa para os ouvidos descansarem. A regra geral seria uma pausa de 15 minutos para cada 45 minutos de escuta, em função da intensidade. Também há outros truques para limitar a intensidade, como o uso de tampões de ouvido. O melhor meio de evitar o risco é utilizar um bom par de fones de ouvido, reduzir o tempo de exposição à música forte e regular o volume.
5- Cuidado ao ouvir sua música preferida. Um dos perigos está na ligação pessoal que muitos possuem com determinadas músicas, já que a tendência é aumentar o volume desse som em doses cada vez maiores e por mais tempo.
Os tipos mais comuns de zumbido percebidos pelos pacientes:
- Apito
- Canto da cigarra
- Chiado de água (chuveiro, chuva, cachoeira)
- Barulho de grilo
- Panela de pressão
- Caixa de som (vibração da caixa em volume alto, com som grave)
- Som de abelha
