Aedes aegypti

Conheça histórias de vida marcadas pela dengue, chicungunha e zika

O JC apresenta o relato de pessoas que vivenciaram o adoecimento por um mosquito que pode passar despercebido, mas tem o poder de comprometer o bem-estar, prejudicar a produtividade e ameaçar vidas

Da editoria de Cidades
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Publicado em 03/12/2016 às 18:04
Guga Matos/JC Imagem
O JC apresenta o relato de pessoas que vivenciaram o adoecimento por um mosquito que pode passar despercebido, mas tem o poder de comprometer o bem-estar, prejudicar a produtividade e ameaçar vidas - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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Com a chegada do verão, especialistas e autoridades de saúde alertam para o risco de proliferação do Aedes aegypti, responsável pelo adoecimento de mais de 56 mil pernambucanos este ano, se forem considerados apenas os casos confirmados de dengue, chicungunha e zika. Enquanto a falta de saneamento básico continua a despontar como o maior inimigo no combate ao mosquito, o caminho é eliminar os possíveis criadouros para impedir a transmissão das arboviroses, que têm desafiado a saúde pública pelas consequências que causam. Neste domingo, o JC apresenta histórias de pessoas que vivenciaram o adoecimento por um mosquito que pode passar despercebido, mas tem o poder de comprometer o bem-estar, prejudicar a produtividade e ameaçar vidas.

“Não se deseja chicungunha nem para o inimigo”

Doença que surpreende pelo grau de incapacidade crônica que provoca, a chicungunha se tornou a mais temida das arboviroses por comprometer de forma intensa os pacientes, geralmente marcados por dores nas articulações que parecem não cessar, mesmo passados meses do início da infecção. “Até hoje tenho edema nos pés e dor nas mãos. Faz tempo que não consigo fazer uma caminhada porque sinto incômodo nas pernas, que incham. Até passar pelo shopping é difícil”, diz a técnica em eletroneuromiografia Carmem Lúcia da Silva, 43 anos, que adoeceu por chicungunha há um ano, quando ficou quatro dias internada no hospital. Teve alta na véspera do Natal. “A chicungunha é tão forte que superou até a dengue que já tive. E sobre as dores que ainda sinto, escuto os médicos falarem que é preciso esperar o tempo passar.” Carmem conta que não conseguiu voltar a ser a pessoa ativa que era antes da doença. “A minha resistência física não é mais a mesma. Tenho hipertensão e controlava com atividade física, mas já não consigo fazer há algum tempo por causa dos incômodos que ainda sinto”, relata.

“Pensei que não iria resistir à dengue”

Por três vezes, a cabeleireira Elizabete Gonçalves, 36 anos, lutou contra uma doença que, há mais de três décadas, o Brasil não consegue erradicar: a dengue. Ela pode se manifestar por sintomas leves e também por quadros graves com evolução para o óbito. “Em 2013, adoeci duas vezes pelo vírus. Um ano depois, tive uma infecção mais séria. Cheguei a ter um início de dengue hemorrágica. Sentia gosto de sangue na boca”, conta Elizabete, que não se esquece do mal-estar intenso que perdurou por 15 dias e comprometeu a qualidade de vida e a produtividade. “Fiquei sem trabalhar. Era um misto de moleza, fraqueza, dor atrás dos olhos e febre muito alta. Não conseguia me movimentar.” Por uma semana, ela foi submetida a um controle diário das plaquetas no sangue para melhor acompanhamento da intensidade da doença. “A gente sempre acha que uma coisa dessa nunca vai acontecer com a gente”, diz Elizabete, ao referir-se à debilidade provocada por um vírus que, embora pareça avançar de forma menos expressiva do que o da chicungunha e o da zika, continua a causar até complicações neurológicas e mortes em todas as faixas etárias. 

“Cheguei a me debulhar em lágrimas”

No primeiro semestre de 2015, aos quatro meses de gestação, a dona de casa Susana Lima, 25 anos, foi surpreendida com manchas vermelhas na pele e febre. Os sintomas eram leves e, por isso, não achou necessário ir ao médico. Jamais pensaria que eram sinais do zika, vírus que tem predileção por atacar o sistema nervoso central. A gestação seguiu tranquila, mas o inusitado veio um dia após o parto. “A pediatra falou da suspeita de microcefalia no meu filho, mas achei estranho porque aparentemente a cabeça tinha um tamanho normal.” O diagnóstico foi confirmado um mês após o nascimento de Wilian Gabriel, hoje com 1 ano. “Demorou uns três meses para eu entender o que acontecia. Mas o amor é imenso e faz a gente correr atrás dos direitos e das terapias para ele”, conta Susana. Assim como outras mães, ela já acumulou ansiedades pelo desafio de dar todos os cuidados a um bebê com a síndrome congênita do zika, que desafia a saúde pública. “Mas tem momentos de alegria. Nunca vou esquecer o dia em que ele deu um sorriso lindo nem o momento em que começou a rolar de um lado para o outro. É assim que fico cada vez mais forte”, relata. 

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