Uma doença, uma vacina e um mar de dúvidas. Essa combinação marcou a última semana, com o anúncio da investigação de dois casos suspeitos de febre amarela em Pernambuco. Segundo autoridades de saúde e médicos, ambos os registros têm pouquíssimas chances de serem confirmados porque os pacientes apresentaram sintomas pouco característicos da infecção por um vírus que não circula no Estado. Eles são pernambucanos que passaram por áreas de risco transmissão da doença e que exigem vacinação.
É justamente a corrida pela imunização (em alguns casos, sem justificativa) que tem causado inquietação. Como a vacina é a forma mais eficaz de proteção, há quem se sinta desamparado se não for imunizado. Mas é importante saber que, em algumas situações, a pessoa pode estar mais reguardada se não for vacinada e adotar outras medidas de proteção.
Afinal, não é todo mundo que pode receber a aplicação. Há condições de saúde que aumentam o risco de complicações decorrentes da imunização, como alergia a ovos e derivados, defesas baixas relacionadas à infecção pelo HIV ou à quimioterapia.
“Crianças com menos de três anos, idosos, pessoas que fazem uso de corticoide e de imunossupressor (medicação que bloqueia a resposta do sistema de defesa), além de outros casos, devem passar por uma avaliação médica criteriosa por causa do risco que têm de apresentar possíveis efeitos colaterais à vacina contra febre amarela”, explicou a infectologista Sylvia Hinrichse, do Hospital Jayme da Fonte, durante entrevista ao programa Casa Saudável, transmitido no último dia 18 na TV JC.
Questionada por uma internauta sobre a possibilidade de pessoas que vivem com doenças autoimunes se imunizarem, a médica esclareceu que é necessária um acompanhamento individual desses pacientes. “Eles devem ser examinados previamente antes de se vacinarem. Fazem parte desse grupo pessoas com diabetes tipo 1, lúpus e artrite reumatoide, como também aquelas que passaram por transplantes. Diante de casos dessa natureza, pergunto aos pacientes se a viagem (a uma área de risco de transmissão da febre amarela) é realmente necessária ou se pode ser evitada para que a imunização seja dispensada.”
Para quem vive em locais onde há a circulação do vírus e não deve se vacinar por questões de saúde, a Sociedade Brasileira de Infectologia recomenda outras formas de prevenção de picada de mosquitos, como uso de camisas de mangas longas e calças compridas, aplicação de repelentes seguros e eficazes, além de permanência em lugares fechados com ar-condicionado ou que tenham janelas e portas com tela que evitam a entrada de mosquitos. Ou seja, vale seguir o bom senso e passar longe dos motivos para pânico.