Saúde

Caso de sarampo em investigação leva Recife a fazer bloqueio vacinal em escola da Zona Oeste

Pelo menos 300 pessoas serão vacinadas contra a doença, nesta quinta-feira (6), no Colégio Militar do Recife, onde um professor apresentou sintomas

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 06/09/2018 às 9:55
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Pelo menos 300 pessoas serão vacinadas contra a doença, nesta quinta-feira (6), no Colégio Militar do Recife, onde um professor apresentou sintomas - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Um caso suspeito de sarampo, na capital pernambucana, leva a Secretaria Municipal de Saúde a fazer um trabalho de vacinação de bloqueio hoje no Colégio Militar do Recife (CMR), localizado na Cidade Universitária, Zona Oeste da capital pernambucana. Na instituição de ensino, trabalha um professor de 33 anos que adoeceu com sintomas clássicos da doença (febre, manchas vermelhas na pele e tosse) e foi atendido em hospital privado na sexta-feira (31), dia em que a notificação foi feita aos órgãos competentes. Ao todo, o Recife tem quatro casos confirmados de sarampo. Outros 13 estão em investigação. “Para o caso do professor, a ação de bloqueio vacinal (imunização de pessoas que tiveram contato com a pessoa que adoeceu com sintomas da doença) se amplia para a escola porque um educador geralmente tem contato com um número grande de pessoas”, explica o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia.

Aproximadamente, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 300 alunos do CMR devem ser imunizados hoje. “Trata-se de um bloqueio seletivo. Vamos verificar os cartões de vacinação. Se estiver desatualizado ou não for comprovado o esquema completo de proteção, será feita a aplicação da dose (tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba)”, explica a enfermeira sanitarista Adriana Luna, chefe da Divisão de Doenças Transmissíveis do Recife. Ela ressalta que já foram feitas medidas de bloqueio entre parentes do professor e outras pessoas mais próximas dele. “Ele não tem histórico de viagem a área onde está circulando o vírus nem teve contato com casos confirmados de sarampo. Mas como ele apresentou a tríade de suspeição de caso (febre, manchas vermelhas na pele e tosse), coletamos amostra para exames e fizemos a vacinação de bloqueio”, complementa Adriana Luna.

A capital pernambucana vacinou todo o público-alvo da campanha nacional de imunização contra poliomielite e sarampo. As duas vacinas fazem parte do calendário regular e continuam a ser aplicadas nos postos de saúde. “No período da mobilização, não apenas as crianças se protegeram. Muitos adultos também foram às unidades de saúde para se vacinar contra sarampo. Então, pelo fato de termos atualmente um percentual alto da população imunizada, o risco de aparecimento de um surto é pequeno na cidade. E se surgir casos confirmados, certamente será algo muito delimitado (sem disseminação)”, frisa Jailson Correia.

ALERTA

A reemergência do sarampo foi tema de debate de mesas-redondas do 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), que terminou ontem no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. A prevenção e o controle da doença foram preocupações destacadas pelo subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, que apresentou, no evento, um novo marco para eliminar doenças transmissíveis até 2030. “O sarampo é uma das mais contagiosas doenças, pois se espalha com facilidade quando o vírus encontra bolsões de pessoas susceptíveis. A chance de termos uma reintrodução da doença é uma realidade porque, com exceção das Américas, o mundo inteiro tem transmissão”, diz Jarbas Barbosa, que reforça a importância de se ter uma vigilância ativa para se manter a cobertura vacinal adequada em todo o mundo.

A região das Américas foi a primeira a ser declarada, em 2016, como livre do sarampo. A doença pode causar graves problemas de saúde, como pneumonia, cegueira e inflamação do cérebro, além de levar à morte. A Opas alerta que, até que o vírus seja erradicado em todo o mundo, há sempre o risco de um país ou continente registrar casos importados.

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