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Pernambuco tem desafio de diminuir transmissão de vírus da aids para bebês

A taxa de gestantes infectadas se manteve estática e a de crianças menores de 5 anos com a doença aumentou

Thiago Cabral
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Thiago Cabral
Publicado em 28/11/2018 às 7:37
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O número de soropositivos com acesso aos tratamentos antirretrovirais não deixa de aumentar, com 25,4 milhões de um total de 38 milhões, ou seja, dois terços do total, uma porcentagem histórica - FOTO: Foto: Reprodução
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Na semana em que são comemorados os 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids, o Ministério da Saúde divulgou ontem os dados da infecção por HIV no País. Levantamento demonstra uma redução de 16,5% na mortalidade da doença no Brasil, se compararmos 2017 a 2014 – ano em que se tornou compulsória a notificação do vírus. Em Pernambuco, os dados apontam melhora na identificação dos casos e redução no número de óbitos decorrentes da doença. O desafio do Estado, agora, é tentar reduzir a transmissão vertical, quando a gestante passa o vírus para o bebê. A taxa de gestantes infectadas se manteve estática e a de crianças menores de 5 anos com a doença aumentou.

De acordo com o boletim do Ministério da Saúde, em 2017, foram 367 casos e até junho de 2018 já tinham sido registrados 250. Em 2016, a taxa de detecção de crianças menores de 5 anos infectadas por 100 mil habitantes era de 2,5. Em 2017, esse coeficiente subiu para 2,9, colocando Pernambuco no segundo lugar dos Estados do Nordeste com maior taxa de detecção nessa faixa etária. 

Causas

Para a infectologista pediatra do Hospital Oswaldo Cruz, Regina Coeli, falta uma política educacional mais incisiva para as mães no pré-natal. “Grande parte dessas gestantes só descobre que tem o vírus na sala de parto e não no pré-natal. Às vezes, por vergonha de fazer o exame, mesmo o médico pedindo. Até mesmo a própria crença de que a doença não a atinja, por não ser do perfil. Mas hoje em dia qualquer pessoa está suscetível a isso”, observou a médica. “Falta ainda uma política educacional. Fazer com que as mulheres peçam o exame, queiram o exame de HIV no pré-natal, ou em todos os trimestres, ou no primeiro ou no terceiro, para que essa mulher comece o tratamento o quanto antes”, pontuou. “Mas isso deve ser também uma preocupação do parceiro que por muitas vezes é o transmissor”, completou.

Em 2014, foram 619 mortes em Pernambuco por aids. Já em 2017 ocorreram 587. Para a gerente do programa estadual de IST/aids e hepatites virais, Camila Dantas, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a redução demonstra melhora na detecção dos casos e no tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, o coeficiente de identificação da doença por 100 mil habitantes em Pernambuco foi de 19,3 em 2017. Número que supera positivamente o coeficiente nacional de detecções por 100 mil habitantes de 18,3. “As pessoas estão conseguindo ter acesso mais fácil aos testes, seja nas Unidades de Saúde da Família ou em ONGs, identificando logo e evitando que o vírus se desenvolva e se torne um caso de aids”, destacou. 

“O primeiro passo está sendo dado. Tivemos números bem mais expressivos, como a redução da mortalidade, mas Pernambuco ainda apresenta casos de transmissão vertical pelo HIV”, pontuou. 

Em Pernambuco, são 37 unidades especializadas na assistência à portadores de HIV/ Aids que dispõem de equipe multiprofissional e oferece o tratamento retroviral. O teste é gratuito.

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