SAÚDE MENTAL

Mês de Luta Antimanicomial é marcado por obras em Caps do Recife

Cinco dos 17 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) receberão investimentos de mais de R$ 1 milhão

Editoria de Cidades
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Publicado em 15/05/2019 às 7:59
Foto: Alexandre Gondim/ JC Imagem
Cinco dos 17 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) receberão investimentos de mais de R$ 1 milhão - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/ JC Imagem
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Iniciado no final da década de 1970, o Movimento da Reforma Psiquiátrica mudou a lógica de assistência a pessoas com transtornos mentais, resultando na criação do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado no dia 18 de maio e na aprovação da Lei 10.216, que trata dos direitos e modelos de atendimento a esses pacientes, em 2001. O assunto virou alvo de polêmica em fevereiro, quando uma nota técnica do Ministério da Saúde (MS) sugeriu a volta de práticas como a internação em hospitais psiquiátricos e compra de máquina de eletrochoque. Para conscientizar quanto à importância do atendimento humanizado, o poder público promove debates e eventos ao longo do mês. No Recife, a celebração é marcada pela reforma de cinco Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que inicia na próxima semana.

Os Caps são unidades especializadas no atendimento a pacientes com problemas relacionados à saúde mental e dependência química. Na capital pernambucana funcionam 17 unidades, sendo três 24 horas. A partir da segunda-feira, cinco desses centros receberão investimentos de R$ 1,3 milhão para melhorias estruturais. As unidades beneficiadas são: unidade infantil Professor Zaldo Rocha, na Encruzilhada; José Carlos Souto, no Torreão; Esperança, em Casa Amarela, Eulâmpio Cordeiro, no Zumbi; e Galdino Loreto, em Jardim São Paulo.

Entre os serviços previstos estão manutenções elétricas, serviços hidráulicos, pinturas externas e internas, troca de esquadrias em portas e janelas danificadas, colocação de calhas para captação de águas de chuva e revisão das cobertas, com substituição de telhas. “Também temos a preocupação de tornar esses locais mais acolhedores, tornando a ambiência mais humanizada”, pontuou o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia. A previsão de conclusão é para o final de 2019.

Localizado em Jardim São Paulo, Zona Oeste da capital, o Galdino Loreto é um dos Caps que funciona 24 horas por dia, atendendo pacientes com diversos tipos de transtornos mentais. Por mês, cerca de 400 pessoas passam pelo centro, que conta com atendimento multidisciplinar. A unidade, que funcionava no Barro, mudou há dois meses de endereço. Antes, o local abrigava um posto de saúde do município. Agora, precisa de ajustes para receber os pacientes. “A casa é bastante completa, mas não temos um refeitório. Com os investimentos, vamos passar a contar com um espaço adequado para as refeições”, detalha Graça Crespo, gerente operacional do centro, um dos pioneiros no atendimento mental no Estado.

O trabalho impacta a vida de pacientes como o aposentado Luis Cláudio dos Santos, 48 anos. “Sou atendido no Caps há cinco anos. É um tratamento diferente daquele que existia nos hospitais, onde os pacientes eram amarrados. Aqui não dá medo de ser atendido, é um ótimo lugar, com ótimos profissionais.”

“São equipamentos fundamentais para a rede de saúde mental, que ainda inclui a atenção básica e os leitos integrais em hospitais”, destaca Jailson Correia. Para ele, as medidas anunciadas pelo Governo Federal preocupam e reforçam a importância de se falar sobre o assunto. “Temos que manter uma visão moderna e baseada em evidências científicas daquilo que funciona no cuidado com as pessoas com transtornos mentais. No Brasil, não há mudança de conceito e de modelo de assistência tão importantes quanto ao da reforma psiquiátrica. Saímos de um modelo baseado nos hospitais psiquiátricos, onde havia longa permanência e as pessoas ficavam dissociadas e excluídas da sociedade, para realizarmos um esforço inverso. É o momento de reafirmarmos o nosso compromisso com o cumprimento da lei.”

PROGRAMAÇÃO

Até o dia 24 deste mês, a Prefeitura do Recife promove uma série de ações comemorativas ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado no próximo sábado em todo o País. Nesta quarta-feira (15), a partir das 9h30, as atividades acontecem na Praça do Largo da Paz, em Afogados, Zona Oeste da capital. No local, haverá ações de conscientização, além de serviços de saúde, como testes rápidos para sífilis e HIV. Às 14h, é a vez da Upinha Eduardo Campos, na Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife, receber o Fórum de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas sobre a Luta Antimanicomial.

Na quinta (16), o ponto de encontro é a Praça do Ipsep, na Zona Sul da capital. Haverá um bate-papo sobre redução de danos e reforma psiquiátrica, oficinas e atendimentos de saúde, a partir das 15h. Na sexta-feira, às 14h, a Praça do Derby, na área central do Recife, servirá de concentração para a passeata pela Luta Antimanicomial, com a presença de representantes da Redes de Atenção Psicossocial municipais de Pernambuco, além de usuários, familiares, trabalhadores e gestores.

No dia 21, as intervenções estão marcadas para as 8h, na Praça do Morro da Conceição, Zona Norte do Recife. Por fim, o último dia de atividades será em 24 de maio, a partir das 14, no Auditório do Museu da Cidade do Recife. No local, haverá um espaço para apresentação de estudos realizados pela Rede de Atenção Psicossocial do município.

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