Carnaval

Após agulhada no braço durante Carnaval, turista relata medo de infecção

Só na manhã desta terça-feira (25), pelo menos dez pessoas procuraram o Hospital Correia Picanço relatando que levaram agulhadas durante o Carnaval do Recife e de Olinda

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 25/02/2020 às 13:25
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A manhã desta Terça-Feira de Carnaval (25) foi movimentada no Correia Picanço, hospital referência em doenças infectocontagiosas localizado na Tamarineira, Zona Norte do Recife. Pelo menos, apenas nesse turno, dez pessoas procuraram a polícia, na própria unidade de saúde, para relatar que levaram agulhadas durante a folia do Recife e de Olinda. “Fui furada no braço direito. No momento, nem imaginei nada. Só imaginei que alguém tivesse me beliscado com a unha. Deixei pra lá. No outro dia, soube da onda de agulhadas na multidão. Bateu o alerta de que realmente tivesse acontecido alguma coisa. Há o medo de que (a agulha) estivesse infectada com alguma coisa, alguma doença, algo perigo que realmente vá prejudicar a minha saúde”, contou uma mulher de 27 anos, que veio da Paraíba curtir o Carnaval pernambucano.

Ela relata que foi possivelmente agulhada por volta das 17h da tarde no domingo (23), na Rua Prudente de Morais, no Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife. “Meu sentimento é de medo, de ter sido exposta a algum risco para a saúde. Mas é como dizem: pode existir a contaminação por algo ou alguém pode estar querendo fazer o mau. Infelizmente, é difícil e complicado a polícia chegar a essas pessoas (que possivelmente praticam as agulhadas). Agora é tentar fazer a medicação e desejar que todos saíam bem”, acrescentou.

No Carnaval de 2019, cerca de 300 pessoas deram entrada no Hospital Correia Picanço alegando terem sido furadas por seringas durante os festejos de Momo. Não houve casos positivos (de problemas de saúde) relacionados a esse possível agulhamento. A Polícia Civil de Pernambuco informa que retratos falados foram feitos, diligências e análise de imagens, mas os inquéritos não identificaram suspeitos “devido à ausência de elementos, assim como uma possível motivação para essas ações”, diz nota da Secretaria de Defesa Social (SDS).

O balanço divulgado na segunda-feira (24), pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), destaca que, por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs), foram notificados, até o domingo (23), 41 casos de pessoas, 25 do sexo feminino e 16 masculino, que alegaram terem sido furadas por agulhas durante as festas de Carnaval no Recife e em Olinda, além do município de Orobó, no Agreste de Pernambuco. Após triagem no Hospital Correia Picanço, 33 pacientes realizaram a profilaxia pós-exposição (PeP) para prevenir a infecção pelo HIV e outras infecções. Os demais, ou se recusaram a fazer o teste rápido (pré-requisito para o uso da medicação) e consequentemente o tratamento, ou já tinham passado da janela de 72 horas preconizadas para início da medicação. Todos foram liberados após avaliação médica, com a orientação de retorno após 30 dias para conclusão do tratamento.

Um novo balanço será divulgado, segundo a SES, no fim da tarde desta terça-feira (25). A secretaria reforça que os índices de transmissão por meio de picadas com agulhas infectadas são considerados baixos, em média 0,3%.

Denúncias 

Todos os pacientes que passam pelo Correia Picanço recebem a indicação de procurarem os órgãos policiais para investigação das ocorrências, já que as investidas podem ser tipificadas como crime. As denúncias estão sendo formalizadas por uma equipe da Polícia Civil de Pernambuco, que faz os registros em boletim de ocorrência. Há um posto de atendimento 24h no hospital, que conta com equipes formadas por delegados, escrivães, agentes e peritos papiloscopistas. Eles colhem depoimentos, fazem as perícias, diligências e buscam imagens das câmeras de videomonitoramento com o objetivo de identificar e capturar suspeitos da prática.

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