COVID-19

Como está a procura por atendimento nas UPAs do Grande Recife após casos suspeitos de coronavírus

O JC percorreu três unidades de saúde para saber quais cuidados estão sendo tomados pelas equipes médicas, pacientes e acompanhantes para evitar a doença

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 27/02/2020 às 14:49
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Legado - FOTO: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Atendentes e profissionais de saúde com máscaras, cartazes informativos nas paredes e recipientes de álcool em gel abastecidos. Nas mesmas unidades públicas de saúde onde há todo este aparato preventivo contra o novo coronavírus, — doença confirmada em apenas uma pessoa no Brasil e investigada em três casos suspeitos em Pernambuco, até o momento — os pacientes com sintomas de enfermidades diversas e seus acompanhantes chegam desinformados e apreensivos sobre o vírus que já matou mais de 2.760 em todo mundo. Apesar disso, a reportagem não encontrou ninguém sob suspeita da doença.

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Na manhã desta quinta-feira (27), a reportagem do JC percorreu três entre as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) mais movimentadas do Grande Recife para saber como os pacientes com sintomas similares ao do coronavírus estão sendo atendidos e orientados e para saber se a população está devidamente informada sobre os perigos da doença, formas de contágio e prevenção.

Na UPA Gregório Lourenço Bezerra, no bairro de Tabajara, em Olinda, Júlio Amaro de Veras Filho, de 56 anos, contou que está amedrontado com a possibilidade de contágio e já toma alguns cuidados para evitar a doença, como lavar as mãos e se proteger quando tosse. “Eu fiquei um pouco amedrontado e estou tomando cuidados ao respirar e tossir, além de estar lavando as mãos constantemente”, diz. 

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Vendas de álcool em gel e máscaras disparam no Recife - Brenda Alcântara/JC Imagem
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UPA Solano Trindade, em Nova Descoberta, Zona Norte do Recife - Brenda Alcântara/JC Imagem
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Ivanete Maria da Silva, de 48 anos, levou álcool e máscara para a UPA - Brenda Alcântara/JC Imagem
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Carla Machado, de 52 anos, sente falta de uma campanha para informar sobre os perigos do vírus - Brenda Alcântara/JC Imagem
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Vendas de álcool em gel e máscaras disparam no Recife - Brenda Alcântara/JC Imagem
Ivanete Maria da Silva, de 48 anos, levou álcool e máscara para a UPA -
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Vendas de álcool em gel e máscaras disparam no Recife - Brenda Alcântara/JC Imagem
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Ivanete Maria da Silva, de 48 anos, levou álcool e máscara para a UPA - Brenda Alcântara/JC Imagem
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Cristiano Rodrigues, 21 anos, foi até a UPA após sentir dores de barriga, na cabeça e no corpo - Brenda Alcântara/JC Imagem
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Júlio Amaro de Veras Filho, de 56 anos, está amedrontado com a possibilidade de contágio - Brenda Alcântara/JC Imagem

Ele procurou a unidade após sentir fortes dores na garganta e não conseguir respirar direito, sintomas de doenças respiratórias, como o coronavírus. Apesar de ter sido medicado na unidade, Júlio afirmou não ter recebido orientações específicas para evitar a contaminação com Covid-19. “Não recebi absolutamente nenhuma informação”, completou. Na unidade de Olinda, ninguém usava máscaras além da equipe de atendimento.

Em resposta, a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE) informou à reportagem que o protocolo de atendimento seguido nas UPAs e em todos os hospitais do Estado é o indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, onde apenas pacientes que visitaram países como China, Coreia do Sul e Itália nos últimos 14 dias e apresentam sintomas como tosse, febre e falta de ar devem usar máscaras e ser encaminhados para hospitais especializados em doenças respiratórias.

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Apesar da orientação de profissionais, várias pessoas que aguardavam nas salas de espera da UPA Solano Trindade, em Nova Descoberta, Zona Norte do Recife, compraram as máscaras por medo do contágio. Ivanete Maria da Silva, de 48 anos, aguarda a mãe ser liberada da internação na UPA de Nova Descoberta desde terça-feira (25), e, além da proteção que usava em seu rosto, ainda portava um tubo de álcool e outra máscara na bolsa. “Minha imunidade é baixa, porque tenho diabetes e hipertensão. Então comprei as máscaras porque tenho medo [de contrair a doença]. Nem quero mais entrar [na UPA]”, diz. 

Sobre orientações da equipe da unidade de saúde, Ivanete alega não ter recebido. "Não teve orientação. Os cuidados são individuais. Eles [profissionais de saúde] se alertam entre eles mesmos", relata.

Em uma farmácia próxima à UPA, as vendas de máscaras e álcool em gel aumentaram expressivamente nos últimos dias. O gerente do local, que não quis ser identificado, relatou que costumava comprar a caixa de máscaras por R$ 12 na distribuidora, e agora custam aproximadamente R$ 85. “Consequentemente, vou precisar aumentar o valor na venda também”, conta.

Sobre o álcool em gel, o infectologista Gabriel Serrano alerta que a pessoa deve utilizá-lo quando não puder lavar a mão com água e sabão. O especialista explica que a higienização das mãos deve ser feita cotidianamente e não apenas nos casos de doença, sempre que a pessoa tossir ou espirrar, antes e depois das refeições ou quando necessário.

Já na UPA Dulce Sampaio, localizada no bairro dos Torrões, Zona Oeste do Recife, praticamente metade dos presentes estavam com máscaras, entre pacientes, acompanhantes e equipe. A vendedora Carla Machado, de 52 anos, levou o filho até a UPA, por ter machucado a clavícula. Para ela, o clima em relação ao coronavírus é de tensão. "As pessoas estão preocupadas. Eu, particularmente, fico preocupada em ir para a rua, ficar no meio da multidão", desabafa. Carla conta que sente falta de uma campanha governamental para informar sobre os perigos do Covid-19. "Me informo através das redes sociais, da Rádio Jornal, da televisão, mas estou sentindo falta de uma propaganda acirrada para evitar que as pessoas peguem essa doença", completa.

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O que é coronavírus (COVID-19)?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 após casos registrados na China. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Passo a passo para adequada lavagem das mãos, segundo a Anvisa:

1. Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar-se a pia;
2. Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos;
3. Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si;
4. Esfregar a palma da mão direita contra a parte de trás da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa;
5. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços entre os dedos;
6. Esfregar a parte de trás dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa;
7. Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-se movimento circular e vice-versa;
8. Friccionar as pontas dos dedos e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa;
9. Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa;
10. Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira;
11. Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha.

Confira o mapa de casos

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