LUTO

Familiares e amigos falam sobre Diva Pacheco

O enterro da atriz pernambucana acontece neste sábado (21/7), em Nova Jerusalém

Eugênia Bezerra
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Eugênia Bezerra
Publicado em 21/07/2012 às 6:00
Foto: Heudes Régis/JC Imagem
O enterro da atriz pernambucana acontece neste sábado (21/7), em Nova Jerusalém - FOTO: Foto: Heudes Régis/JC Imagem
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"Toquem, por favor, Vassourinhas. É a única coisa que me anima." Diva Pacheco nunca escondeu sua paixão pelo Carnaval. Entre uma das cinco condições que impôs a Plínio Pacheco para aceitar o pedido de namoro, uma das regras de Maria Diva Lucena de Mendonça Pacheco era que o pretendente fosse animado e dançasse. Os olhos azuis e a beleza encantadora da moça prenderam a atenção do jornalista gaúcho, de onde surgiu um amor capaz de enfrentar muralhas de obstáculos e alimentar o sonho da construção da cidade-teatro de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus, Agreste pernambucano. Plínio se foi há dez anos, e na sexta-feira (20/7), às 9h30, no Hospital da Unimed, em Caruaru, Diva saiu de cena.

Aos 72 anos, deixou amigos, família e admiradores do teatro órfãos do seu carinho, alegria e sorriso. A atriz tinha câncer na tireoide e estava internada desde a quinta-feira. O enterro está marcado para este sábado (21/7), às 9h, em Fazenda Nova, mesmo lugar onde seu marido foi enterrado.

Era Carnaval de 1956, 13 de fevereiro. Jovens recifenses foram aproveitar a festa no Brejo da Madre de Deus. Entre eles estava Plínio, naquele tempo secretário de redação do jornal Correio do Povo. O convite partiu do ator Luiz Mendonça, filho de Epaminondas e Sebastiana Mendonça, irmão de Diva. Ele se apaixonou desde o primeiro momento que viu a moça, a caçula entre os seis filhos do casal.

No entanto, a relação dos dois não era vista com bons olhos pela família dela, como o costume da época, pois Plínio era divorciado. A pressão social fez com que os dois fugissem para o Rio Grande do Sul, em agosto de 1957, voltando a Pernambuco um ano depois, com uma festa em Brejo e o perdão do patriarca. Da união de Plínio e Diva Pacheco nasceram Nena, Robinson, Paschoal e Xuruca. E em 1961 Epaminondas entregou ao casal a responsabilidade de assumir o espetáculo d'O drama do Calvário. Surgiam ali os primeiros sinais da Nova Jerusalém.

TEATRO - O primeiro contato de Diva Pacheco com o universo teatral foi ainda criança, quando os seus pais eram os responsáveis pelo espetáculo O drama do Calvário, encenado na Semana Santa, no Brejo. Toda a família se envolvia na montagem e Diva adorava participar das encenações. Seu primeiro papel foi o de um dos demônios que tentavam Jesus. À frente, junto com Plínio, da peça e da construção da cidade-teatro, foi Diva responsável pela modernização dos figurinos e viveu o papel de Maria.

Em 60 anos de teatro, Diva construiu muitos laços de amizade. Com a notícia da sua morte, na sexta-feira (20/7), vários atores e colegas de trabalho dela, publicaram mensagens em homenagem à atriz e figurinista. Todos lembraram a sua alegria e a dedicação à família e à arte. "Diva foi uma pessoa que viveu todos os minutos da vida dela. E trabalhava muito. Ela fazia uma roupa, desmanchava e fazia outra com o mesmo tecido. Se faltava dinheiro, ela realizava estas mágicas. Ela não deixava de ficar linda. Começamos a fazer fantasias para o Carnaval. Ela ganhou todos os prêmios no Recife e virou hors concours. Foi na década de 70, eu fazia os desenhos e ela executava. Em síntese, ela viveu a vida todos os minutos e muito intensamente", o amigo figurinista Victor Moreira.

"Diva era uma pessoa muito agradável no convívio, tanto nos bastidores do teatro como também quando ia com os amigos para uma mesa de bar. Quando fui entrevistá-la para o livro Vida teatro (2008) a gente fez isto em uma mesa de bar e foi muito agradável", afirmou o pesquisador Romildo Moreira.

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