Vivencial Diversiones

Henrique Celibi: ''Comparado ao Vivencial, o filme Tatuagem é certinho demais"

Integrante do grupo olindense Vivencial relembra a postura estética e política do teatro dos anos 1970

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 07/01/2014 às 10:47
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Um dos representantes do grupo Vivencial Diversiones, Henrique Celibi fala da ironia, estética e história do grupo olindense que foi mundos transgressores da cena pernambucana.

JC – Como o grupo Dzi Croquettes influenciou o trabalho do Vivencial?

HENRIQUE CELIBI – Não acredito que houve alguma influência. O Grupo Vivencial era mais influenciado pelo trabalho do José Celso Martinez, do Teatro Oficina, e as obras do Oswald de Andrade do que pelo Dzis.

JC – Em quais fatores de estética e ideologia dialogam os trabalhos dos dois grupos?

HENRIQUE – Acredito que a estética da revista e os números de plateia eram próximos em irreverência. O teatro rebolado e as chanchadas eram a base dos dois grupos. 

JC – Você percebe alguma reverberação do Vivencial na estética ou no estilo cênico de algum grupo pernambucano atualmente? 

HENRIQUE – Minha opinião é muito pessoal, mas acredito que quem mais se aproxima é o grupo Magiluth.

JC – Como no Dzi Croquettes, o Vivencial tinha uma finalidade política para travestir-se. Como era essa relação entre teatro e política? 

HENRIQUE – Os Dzis se travestiam no palco, e no Vivencial Diversiones existiam de fato travestis que viviam como mulheres e se portavam como tal. No Diversiones, Guilherme Coelho costumava repetir um texto em que diz: “O sonho é o projeto do prazer e que está na origem de todas as revoluções culturais. O direito de lutar pela felicidade até o fim é a única aventura que vale a pena ser vivida”. Vivíamos politicamente em uma “República Independente”, lutando por essa liberdade e vivência.

JC – O filme Tatuagem despertou novamente a imagem do Vivencial. O que você tem achado disso? E o que você pensa do Projeto Transgressão em Três Atos, que vai remontar uma peça do Vivencial? 

HENRIQUE – Tatuagem tem uma atmosfera “Vivencialesca” e só. Acho o filme certinho demais, enquanto nós éramos muito mais anárquicos, tanto nos atos como nas ações e intervenções culturais. Mangávamos e debochávamos de tudo e de todos. Gosto do filme mesmo não sendo uma biografia do Vivencial. O filme é uma historia de amor... E em relação ao projeto Transgressão, eu gosto porque a memória brasileira sofre de amnésia crônica, e é muito bom saber do que foi feito no teatro pernambucano.

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