DANÇA

Nordestinados apresenta outro lado da religiosidade nordestina

Espetáculo de dança une tribal fusion com ritmos como maracatu, afoxé e toré indígena

Alef Pontes
Cadastrado por
Alef Pontes
Publicado em 27/09/2014 às 6:56
Lua Saturnino/Divulgação
Espetáculo de dança une tribal fusion com ritmos como maracatu, afoxé e toré indígena - FOTO: Lua Saturnino/Divulgação
Leitura:

As danças do ventre, flamenca, indiana e os beats eletrônicos são algumas das referências que se misturam para formar o tribal fusion, estilo de mescla étnica contemporânea que se une à outras vertentes de origem nordestina – como o maracatu, afoxé, coco, xaxado e toré indígena– no espetáculo de dança Nordestinados, que a Aquarius Cia. de Dança estreia neste domingo (28), às 20h, no Teatro Luiz Mendonça, do Parque Dona Lindu.

Segundo a diretora da peça, coreógrafa e pesquisadora de tribal fusion Alê Carvalho, a montagem remonta o sincretismo cultural presente na identidade sertaneja. “O espetáculo tem sua raiz do tribal, mas com uma fusão da outras vertentes nordestinas, exaltando a ancestralidade miscigenada do seu povo com as raízes indígenas e africanas, destacando elementos místicos da forte religiosidade”, explica. Ela conta ainda que Nordestinados é fruto de uma pesquisa sobre dança dramática que já dura três anos, desenvolvida em parceria com o Núcleo de Cultura da Faculdade Frassinetti do Recife: “Tudo começou a partir dos estudos da professora Kilma Farias, que começou a fazer fusões de linguagens da dança brasileira. Em Nordestinados, essa fusão está com um pé na dança contemporânea, afim de criar uma linguagem que fosse nossa, trazendo uma identidade própria”.

Ao todo, 19 bailarinos pernambucanos – incluindo a própria Alê –, além das convidadas Kilma Farias, da Paraíba, e Nadja el Baladi, do Rio de Janeiro, se revezam no palco para narrar a vivência do homem sertanejo, “que migra, emigra, acreditando em coisas maiores que a própria realidade”, como explica a diretora e roteirista do espetáculo. “A narrativa cuida da identidade nordestina de um ponto de vista que a gente não costuma ver comumente, mostrando como ela é fruto de um sincretismo cultural e religioso, que mescla o catolicismo, a cultura afro e a herança indígena. A gente fala desse como se essas heranças fossem uma só e como ela se associa à relação de conflito do homem com a terra”, complementa.

A trilha sonora, diferentemente do que é normalmente associado ao estilo tribal – que tem como característica uma sonoridade mais introspectiva de músicas étnicas remixadas com batidas eletrônicas –, traz nomes consagrados do cenário folclórico e popular nordestino, como o Cordel do Fogo Encantado, Antúlio Madureira, Quinteto Armorial, Mestre Ambrósio e Renata Rosa, que se juntam a referências das obras de João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Cândido Portinari para completar a narrativa de dança, através dos figurinos, cenografia e iluminação.

“A música é o elemento de primeira grandeza dessa ideia. A trilha sonora norteia a proposta coreográfica embalando a história, oscilando entre suave e o explosivo, cuidando de surpreender e sustentar o enlace que mantenha o público atento às coreografias. Essa escolha por bandas como o Cordel do Fogo Encantado teve como base a poética que eu queria levantar. Se não fosse a música, o espetáculo, não se concretizaria”, justifica.

 

Últimas notícias