Crítica

"Lampião e Lancelote" marcado por esteriótipos

Musical paulista foi encenado neste final de semana no Teatro de Santa Isabel

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 06/10/2014 às 11:16
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Musical paulista foi encenado neste final de semana no Teatro de Santa Isabel - FOTO: Divulgação
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O Nordeste pasteurizado. Premiado musical paulista, Lampião e Lancelote, apresentado no último final de semana no Teatro de Santa Isabel, é uma ousada tradução para o palco do universo popular e fantástico da literatura de cordel. Erguendo-se com mérito sobre o cenário lúdico nordestino, a montagem cai, no entanto, no vício senso comum dos estereótipos sobre o Sertão.

A peça é uma adaptação do livro homônimo de Fernando Vilela. Na fábula, após um feitiço da bruxa Morgana, o cavaleiro medieval Lancelote, guerreiro da Távola Redonda e mestre de armas do Rei Artur, vai parar na seca sertaneja, onde encontra o cangaceiro Lampião. Na defensiva, ambos duelam em meio à caatinga. É um enredo hiperbólico e inusitado, costurado por músicas e danças – algumas até estranhas para o sertão, como maculelê. 

Das inúmeras possibilidades estéticas e cênicas que a história e o contexto possibilitam ao teatro, a diretora Débora Dubois terminou optando por uma boa dose de cores e gestuais, que, mal amarrados e reforçados pela pontuação do texto, terminam prejudicando o desenvolvimento da montagem. Lampião e Lancelote é bonito de se ver, pela cenografia bem resolvida, que une o sertão e o medieval satisfatoriamente. Por outro lado, o elenco fica preso a trejeitos estereotipados, como o excesso de caricaturas dos cangaceiros.

Vale excetuar as boas desenvolturas do narrador Daniel Warren, visivelmente criado a partir das características do bobo da corte - um palhaço curvo e extravagante que guia o espectador; e a Maria Bonita de Luciana Carnieli, cantora e emotiva. Começando e acabando como um grande causo, Lampião e Lancelote é bonito, mas precisava de menos técnica e mais interpretação.

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