Festival Trema!

Pedro Vilela: "Não encaramos o teatro como entretenimento"

Diretor do grupo Magiluth fala como o festival Trema! se articula como forma de teatro contra a barbárie

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 07/04/2015 às 5:54
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Diretor do grupo Magiluth fala como o festival Trema! se articula como forma de teatro contra a barbárie - FOTO: JC Imagem
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Sem um único apoio oficial sequer, o grupo pernambucano Magiluth capitaneia um dos mais enxutos e paradoxalmente virorosos festivais de teatro de grupo do País. Nesta entrevista a Bruno Albertim, o ator e diretor Pedro Vilela conta como viabiliza o projeto e que faz “teatro contra a barbárie”.

JC - Como vocês conseguem viabilizar o festival sem apoios oficiais?
PEDRO VILELA -
Cada vez mais os grupos estão construindo possibilidades de encontros e circulações. O Trema! nasce do desejo. Pensamos o teatro como rede onde pares se reúnem e criam possibilidades de trabalho. As três edições se apoiaram na parceria com coletivos e outros festivais.


JC – De que maneira os grupos dialogam com o tema de discussão proposto pelo festival?
PEDRO VILELA –
Cada espetáculo convidado, por ter sido criado por grupos teatrais, traz em si a zona de luta da resistência. Fazemos um teatro fora do mercado, da grande indústria, com conteúdos bastantes específicos. Por exemplo, o espetáculo BR Trans, que traz um grupo com uma pesquisa relacionada a gêneros, com esse recorte sobre os travestis.... Isso é resistir e lutar por ocupar um espaço de reflexão.


JC - A abordagem e a poética mais políticas estariam no teatro feito por grupos?
VILELA -
Os grupos de teatro possuem um campo de atuação bastante específico, navegando entre a poética e a política. Esse campo nos interessa. Não encaramos o teatro como entretenimento, mas colônia e agente modificadores de realidades! Trabalhar sobre esse recorte é proporcionar ao público do Recife uma maneira de perceber as coisas e refletir sobre o mundo.


JC – Nesse aspecto, qual seria o sentido de encenar Luiz Lua Gonzaga no Estelita?
VILELA –
Há muito tempo, tínhamos o interresse de estarmos nesse front de batalha do Estelita, mas nossa agenda não permitia! Pensar uma nova possibilidade como o movimento pensa é lutar por uma sociedade mais justa, ética e igualitária. Fazemos teatro para isto! Para tirar nossa cidade da barbárie.


JC – A Prefeitura deixou de realizar o festival Recife do Teatro Nacional ano passado e, este ano, não deu, mais uma vez, apoio ao Trema! Qual seria a razão para a falta de apoio?
VILELA -
A falta de apoio é puramente devido à incompetência dos mesmos. A incapacidade de gerir está comprovada. A verba pública é mal administrada, sem prioridades, sem um plano de execução de políticas culturais. Estamos inseridos no caos gerencial. Uma coisa pra se deixar clara é que neste ano o Magiluth não é o principal realizador do Trema! Estamos lançando a trema-plataforma de teatro que visa agregar ações em torno da produção de teatro no estado. Estaremos lançando ainda este ano 6 edições de a trema-revista de teatro de grupo. O grupo já não tem mais como carregar tanto peso. Precisa focar mais em processos criativos. Mas sendo objetivo: não tenho medo nenhum de retaliação porque eles não me impendem de trabalhar.

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