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Teatro do Parque sempre foi palco importante na história das artes cênicas do Estado

A demorada reforma do local, que foi uma testemunha importante da vida cultural da cidade, ainda afeta a região central do Recife

Allan Nascimento e Mateus Araujo
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Allan Nascimento e Mateus Araujo
Publicado em 23/08/2015 às 9:16
Lu Streithorst/PCR/Divulgação
FOTO: Lu Streithorst/PCR/Divulgação
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Palco dos mais populares de Pernambuco, o Teatro do Parque protagoniza memórias, reportagens e livros de pesquisa como cenário de importantes e icônicos fatos da sociedade pernambucana. Seja na abertura oficial do espaço, em agosto de 1915, com o deslumbre que a cidade vivia ao se deparar com tamanha modernidade de um empreendimento, ou em diversos acontecimentos ao longo dos seus anos 100 anos: a polêmica abertura do Festival Recife do Teatro Nacional, em 1997, as tantas gargalhadas arrancadas pelo comediante Jeison Wallace e sua Cinderela, a brasilidade do Balé Popular do Recife, a plateia lotada nos shows do Projeto Seis e Meia, o nascimento do Teatro Popular do Nordeste (TPN), os clássicos do Teatro de Amadores de Pernambuco, entre tantos outros. 

“Um momento importante do Parque foi a criação do TPN, em 1960. Os dois primeiros espetáculos do grupo foram realizados lá, e foi uma importante iniciativa de Hermilo Borba Filho, Ariano Suassuna e Leda Alves. Só isso já inscreveria o Teatro do Parque na história da cultura pernambucana, sem contar com outras contribuições importantes”, conta o professor e coordenador da licenciatura em Teatro da UFPE, Luís Reis, para quem o Parque deve ser uma âncora da revitalização “da área do Centro do Recife que está perdendo sua vida”. 

O local defende Luís, é preciosíssimo não só pela sua arquitetura, mas por ser um espaço de convivência da cidade. “Ele está inserido numa zona muito degradada e que para mudar essa paisagem é preciso recuperar o Parque, antes de fazer qualquer coisa”, afirma. Para o professor, a Praça Maciel Pinheiro, região em que o teatro está inserido, podia ser nossa a Praça Roosevelt – referência a um dos principais redutos culturais de São Paulo, onde estão as sedes de grupos de teatro, como os Satyros e Parlapatões. 

“Além do Parque, temos por ali na Maciel Pinheiro, na Rua da Matriz, o Espaço Fiandeiros”, lembra Luís Reis. “Mas é preciso o incentivo do governo para revitalizar, embora eu saiba que há um esforço da prefeitura”, reforça. 

O ator e pesquisador Leidson Ferraz, autor do projeto Memória da Cena Pernambucana, já esteve inúmeras vezes em cena no Parque, sobretudo com o espetáculo Auto da Compadecida, montagem da Dramart Produções, que ficou em cartaz pelo Brasil por 18 anos. “O Parque funciona para o movimento artístico como um pulsar do coração. Primeiro porque está no centro, numa localização bem estratégica”, lembra Leidson. “Outra coisa: aquele teatro era fundamental porque ele recebia produções grandes. Tinha muitos camarins, bastidores grandes, o que quer dizer que ele pode recebe dezenas de atrações numa mesma noite. Além disso, o Parque é um grande jardim, que tinha uma natureza o circundando. Era como um quintal, que a gente se sentia em casa.”

Se hoje o jornalismo tem mostrado a história de abandono que paira sobre o Teatro do Parque, lembra Leidson Ferraz, no final dos anos 1959, as colunas escritas pelos críticos de teatro da época, como Valdemar e Alfredo de Oliveira e Hermilo Borba Filho, pressionavam a prefeitura para adquirir o teatro e assumir sua gestão (naquele período, o espaço pertencia a Severiano Ribeiro e era unicamente utilizado para exibição de filmes). No dia 13 de dezembro de 1959, oito meses após ter sido comprado pelo município, o Parque reabriu seu palco para o teatro com o espetáculo Onde Canta o Sabiá, com direção de Hermilo.

Lu Streithorst/PCR/Divulgação
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