Contemporâneo

Flávia Pinheiro e Carolina Bianchi juntas em Utopyas To Everyday Life

Instalação performática ganha sessões dias 8 e 9, no Museu Afro-Brasil dentro do Trema

JC Online
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Publicado em 07/05/2017 às 11:00
Mayra Azzi/Divulgação
Instalação performática ganha sessões dias 8 e 9, no Museu Afro-Brasil dentro do Trema - FOTO: Mayra Azzi/Divulgação
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Diante de um mundo no qual as existências são engessadas, encontrar meios de viver segundo suas próprias idiossincrasias exige tenacidade, persistência e uma boa dose de poesia. Impulsionadas pela necessidade de construir um outro espaço – físico e metafórico – nos quais os corpos existem sem lógicas de prescrição, as artista Flávia Pinheiro (PE) e Carolina Bianchi (SP) desenvolveram Utopyas to Everyday Life, que estreia amanhã, às 16h, no Museu Afro-Brasil, dentro da programação do Trema Festival.

Flávia e Carolina são artistas que impregnam seus trabalhos com inquietações a respeito de suas identidades enquanto artistas, mulheres, cidadãs. Dessa forma, o encontro entre ambas pareceu natural, uma atração de mentes dispostas a se expandirem enquanto assimilam novas experiências.

Desse intercâmbio, possibilitado através de residência artística em São Paulo, em janeiro, a dupla desenvolveu Utopyas..., que elas classificam como uma instalação performática em estado de dança. As performers permanecem no espaço por três horas, acompanhadas por uma playlist “de arrebatamento” e uma “goteira infinita”.

“Nossas filosofias de vida e modos de existir se assemelham. Somos duas artistas mulheres, no Brasil, que vivem de arte, escrevem, produzem, dirigem e atuam nos seus trabalhos. Mas, não quisemos explorar os pontos em comum, mas também respeitar as individualidades. Cada uma quer continuar a ser o que é, ela mais voltada ao texto e eu ao movimento, por exemplo”, explica Flávia.

Segundo a pernambucana, o título em inglês remete à comercialização da vida e dos sonhos. Como encontrar uma alternativa quando há uma imposição de padrão a ser seguido?, questiona-se a dupla.

PESQUISA

“Nossa pesquisa permeou também a ideia da construção de um espaço alternativo, no qual as possibilidades se expandem e viver é um ato sem prescrição. Bebemos em fontes da filosofia, como Gilles Deleuze, Baruch Espinoza e Eduardo Galeano em busca de buscar como fundar esse espaço na cena. Percebemos que era possível desenvolver a habilidade de encontrar nos pequenos detalhes, como no êxtase que se tem ao ouvir uma música afetiva de sua adolescência, para transformar o cotidiano”, reflete.

Nesse processo, ficou mais explícito também para as criadoras a abrangência do tema abordado por elas, que toca diversos aspectos da vida coletiva. Como artistas mulheres, elas refletem também sobre o apagamento que a produção feminina ainda sofre em diferentes áreas.

“A história da arte tem que ser entendida não só pelo que está nos livros, mas também pelo que está fora deles porque ela é também a história dos esquecidos, daqueles que não estavam porque o acesso lhes foi negado. O sistema hegemônico nega a produção das mulheres. Temos que quebrar essa lógica de que as produções das minorias deve estar relegada apenas a eventos voltados para elas. Não é uma questão de disputa de poder e sim de buscar deslocamentos, ‘transutopias’”, acredita.

No festival Flávia apresentará ainda o espetáculo Diafragma 1.0: Como Manter-se Vivo?, quinta, às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho.

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