Comédia

Jô Soares dirige 'Histeria', peça que narra encontro de Freud e Dalí

Peça ganha sessões sábado (8) e domingo (9), no Teatro RioMar

JC Online
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Publicado em 08/07/2017 às 16:55
Nina Paes/Divulgação
Peça ganha sessões sábado (8) e domingo (9), no Teatro RioMar - FOTO: Nina Paes/Divulgação
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A Europa do final dos anos 1930, com a ascensão dos governos totalitários, era um lugar inóspito ao convívio com as diferenças e no qual o pensamento ousado, transformador, era visto como uma ameaça. Nesse contexto, no entanto, algumas das maiores mentes do século 20 resistiram e criaram a partir do caos, a exemplo de Sigmund Freud e Salvador Dalí. Histeria, espetáculo dirigido por Jô Soares, que ganha sessões sábado (8) e domingo (9), no Teatro RioMar, acompanha justamente o inusitado encontro do psicanalista e do artista plástico e a profusão de genialidade (e comédia) que o evento produziu.

Estabelecido na Inglaterra, após fugir da Áustria ocupada pelo nazismo (ele era de origem judaica), Freud vive atormentado. O ano é 1938 e o Pai da Psicanálise vive cada vez mais recluso por causa de seus traumas e de graves problemas de saúde causados por um câncer na garganta (Freud viria a falecer no ano seguinte).

O catalão Salvador Dalí (1904 – 1989), um dos fundadores do movimento surrealista, fortemente inspirado nas teorias do psicanalista, finalmente consegue realizar o sonho de encontrá-lo. Quando o faz, porém, vê o mestre em situações inusitadas, tão ou mais excêntricas do que as retratadas em suas obras.

Em determinado momento, por exemplo, vemos o austríaco segurando uma bicicleta coberta por caramujos, com uma das mãos presa dentro de uma galocha e com a cabeça enfaixada numa espécie de turbante. Fascinado, o catalão dispara: “O que Dalí vê apenas em sonhos, você vive na realidade”.

“Vemos um Freud envolvido num momento de farsa, um vaudeville em que qualquer pessoa extrapola seus limites. Mas em momentos mais sérios do espetáculo, acho que conseguimos nos aproximar bastante do que se imagina dele, afirma o ator Norival Rizzo, que interpreta o psicanalista.

Com essa mescla de temas densos com toques de humor, Jô Soares traduz o celebrado texto de Terry Johnson para os palcos brasileiros (no exterior, a peça já foi montada por John Malkovich). Segundo o diretor, a agilidade dos diálogos e a essência do texto, inspirado no vaudeville, exigem uma grande entrega física e psicológica dos atores.

“As pessoas vão se divertir com a loucura que a peça tem, a mistura de estilos, que vai da farsa mais louca ao drama mais profundo e volta à farsa enlouquecida (...) Ao mesmo tempo vão aprender sobre um relacionamento que ninguém poderia suspeitar”, explicou Jô.

No cerne de todos os temas que permeiam a dramaturgia está a seguinte questão: retirar a essência do mito é minar o fundamento da fé? Mais do que respostas, a montagem parece querer justamente atiçar a busca e a interpretação dos símbolos, como uma grande homenagem aos personagens retratados.

ELENCO

Além de Rizzo, o elenco é composto por Rubens Caribé, que encarna Salvador Dalí (ele substitui Cassio Scapin nas sessões no Recife), Érica Montanheiro, que vive uma misteriosa mulher, e Milton Levy, como Yarruda, um médico judeu.

O cenário, assinado por Chris Aizner e Nilton Aizner, faz referência ao consultório de Freud, tocando em alguns de seus casos clínicos e teorias, que são constantemente questionadas pelos outros personagens.

Como uma forma de amplificar a percepção do que se passa no campo subjetivo, o espetáculo conta ainda com projeções de André Grynwask e Pri Argoud. A trilha sonora original é de Ricardo Severo.

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