Após oito anos dedicados à Trilogia Vermelha, cujos espetáculos homenagearam figuras nordestinas ligadas ao pensamento de esquerda, como Paulo Freire, Glauber Rocha e Dom Helder Câmara, Júnior Aguiar abre um novo ciclo na sua carreira. Essa fase se inicia com o solo Breu, que é apresentado dias 2 e 3 de agosto, às 20h, no Teatro Arraial.
Breu é uma adaptação do livro homônimo de Geraldo Maia, lançado em 2014. Júnior lembra que quando leu a obra pela primeira vez, imediatamente visualizou seu conteúdo, que é autobiográfico, transposto para o palco. Com as bênçãos do autor, se lançou na adaptação tão logo finalizou os processos artísticos da Trilogia Vermelha.
“Este é o meu segundo monólogo e esta energia de estar sozinho em cena, depois de dividir momentos tão intensos com outros atores, tem sido uma experiência muito forte. Levar esse texto para o palco tem para mim um significado enorme porque me identifico muito com as questões que ele aborda, como a morte da mãe ainda jovem – Geraldo perdeu a mãe quando tinha 5 anos, enquanto a minha faleceu quando eu tinha 11 anos. Esse tipo de perda fica marcada na gente, transforma”, pontua.
Outras temáticas que, segundo o ator, também atravessam sua vida e permeiam a montagem são a descoberta da homoafetividade e a conturbada relação com a religião, mais especificamente com a igreja católica.
COLETIVO GRÃO COMUM
Além de atuar, Junior dirige o trabalho ao lado de Asaías Rodrigues, com quem fundou o Coletivo Grão Comum. Para ele, apresentar este trabalho marca um momento de realização pessoal e profissional.
“Sou um ator que optou fazer carreira em minha terra e sempre lutei para viabilizar minha arte. Consegui realizar muitas coisas das quais tenho orgulho e, ao longo desses 25 anos de carreira, me sinto realizado”, enfatiza.