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Amir Haddad: 'O teatro será sempre ameaçador para o poder autoritário'

Ícone do teatro brasileiro, diretor participa de conversa no Mamam, dia 21 de setembro

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 20/09/2019 às 21:11
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Ícone do teatro brasileiro, diretor participa de conversa no Mamam, dia 21 de setembro - FOTO: Facebook/Reprodução
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Com sessenta e cinco anos de carreira e uma contribuição indelével para o teatro brasileiro, Amir Haddad acredita profundamente no poder transformador do teatro. O diretor, um dos fundadores do Teatro Oficina e do Tá Na Rua, chega ao Recife neste sábado (21) para participar do Transborda, evento promovido pelo Sesc. Com o tema "Teatro e Rua: apontamentos de uma origem comum", ele conversa com o diretor Rodrigo Dourado, às 17h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam).

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Amir Haddad falou sobre como o teatro oferece formas de libertação e, por isso, é uma ameaça constante aos regimes autoritários. O diretor conversou ainda, entre outras coisas, sobre a necessidade de reafirmar a relação do teatro e da arte com a rua, "recuperando a cidade para o cidadão".

"O Teatro é uma arte dos espaços abertos. É a arte que cria o edifício e não o contrário. Arte é sempre uma atividade pública. Arte é obra pública feita por particular, para que todos possam dele participar ou consumir de alguma maneira. É nossa melhor cidadania. Arte Pública não é Arte produzida pelo poder público. A ideia de mercado para a arte é o que privatiza a arte. Em tese o Teatro nunca deveria ter saído das ruas, que é onde ele nasceu", afirmou.

RESISTÊNCIA

Sobre os constantes ataques ao teatro, que têm se intensificado recentemente, inclusive com artistas apontando censura por parte de algumas instituições, Amir acredita que a resistência é não só possível, como inevitável.

"O Teatro é e será sempre ameaçador para qualquer forma de poder autoritário estabelecido. O bom teatro destrava nossa sexualidade e nos potencializa. A onipotência é a outra face da impotência. Ou então: a 'impotência' é a face oculta de 'onipotência'. Dionísio propõe o gozo, o jogo, o indefinido, o amor", enfatizou. "Um país se mede pelo Teatro que ele é capaz de produzir, dizia Garcia Lorca, que foi assassinado pela polícia de Franco. Fazer Teatro, e procurar fazê-lo bem, é uma forma de continuidade e sobrevivência política. Façam Teatro, todos!!!! Façamos Teatro Todos!!! Só o Teatro salva. Sessenta e cinco anos de profissão me confirmaram e confirmam isso a cada dia. Tudo que sou e tenho devo ao Teatro. Nunca em minha vida fiz outra coisa. Aconselho a todos que o escolheram que façam o mesmo.

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