'Natal Para Sempre' leva teatro e dança ao Parque da Macaxeira

A noite de Natal sempre foi especial para Andréa Carvalho. Para a bailarina, é um momento de reunir a família, fortalecer os laços de afeto e celebrar com amigos. Mas, ciente das desigualdades históricas do Brasil, o sentimento de alegria vinha acompanhado de um desejo de ajudar os socialmente excluídos. Ela encontrou uma forma de concretizar esse sonho através da arte e juntou sua família no projeto Natal Para Sempre. Após cinco edições no Parque Santana, este ano o espetáculo acontecerá gratuitamente no Parque da Macaxeira, dias 23 e 25, às 19h.

“Via as pessoas em situação de rua e me batia uma angústia muito grande porque, ao contrário de mim, elas não tinham o que comer, não tinham um teto e em sua maioria não podiam vivenciar essa experiência de confraternização do Natal”, explica Andréa. “Foi quando me surgiu a ideia de fazer um espetáculo sob uma árvore de Natal gigante, de 35 metros, em um espaço aberto, para que pessoas que não têm acesso aos equipamentos de cultura pudessem vivenciar essa experiência lúdica a partir dos símbolos mais clássicos do Natal. Queria proporcionar a outras pessoas o encantamento e a alegria que sinto nesta época.”

Esta primeira apresentação, mais calcada na dança, ganhou força com o tempo. Ainda que por questões logísticas e financeiras a árvore gigante tenha saído, o espetáculo ganhou estrutura de superprodução, atualmente envolvendo cerca de 60 pessoas, entre elas 32 bailarinos em cena.

A transferência da montagem para o Parque da Macaxeira veio, segundo a idealizadora, como uma forma de expandir o projeto, atingindo novos públicos. Apesar das mudanças, inclusive com a adição de efeitos cênicos, o projeto manteve o espírito que guia Andréa desde sua concepção. Tanto que sua família está completamente envolvida no espetáculo Além de assinar a direção geral do espetáculo, ela também está em cena no papel da Fada Mais Fada. Rayana e Rayssa Carvalho, suas filhas, interpretam Amelie e a Fada, respectivamente.

Ainda dentro da família, a dramaturgia é assinada pelo marido de Rayana, o ator Gabriel Gracindo, que atualmente integra o elenco da novela Amor Sem Igual, da Record. Gabriel também é resp0nsável pela direção artística do trabalho.

ENCANTAMENTO

Em Natal Para Sempre, o público acompanha Amelie, uma menina humilde que vive em uma cidade tão pequena que nem aparece no mapa. Um dia, ela é transportada para um mundo onírico após encontrar um livro mágico. Neste lugar, ela se depara com vários personagens do seu imaginário, como elfos, fadas, e soldadinhos de chumbo, e precisa confrontar uma bruxa, além de Bento (interpretado por Igor Jansen, de As Aventuras de Poliana, novela do SBT/TV Jornal), menino que vem da mesma região pobre que ela, mas acaba se aliando aos vilões.

“Mostramos no espetáculo que sempre há o caminho para o bem e para o mal e que precisamos escolher com cuidado. A mensagem principal que queremos passar é a de que o espírito natalino, de amor e solidariedade, pode e deve durar o ano inteiro. Independente da religião, o amor não tem sexo, cor, religião ou idade”, enfatiza Andréa. “Para as crianças, é um momento de encantamento, de se deslumbrar com aquele universo lúdico e, ao mesmo tempo, de aprender. Os pais sempre nos falam que se surpreendem com a força da mensagem e como as crianças absorvem bem o conteúdo.”

Junto aos atores, se destaca ainda o corpo de bailarinos. Eles executam a coreografia desenvolvida por Marcelo Pereira, pernambucano radicado na Suíça, para a trilha sonora assinada pelo maestro Antonio Mariano, o Tovinho, responsável pela direção musical da montagem. Entre os bailarinos, destaca-se Amanda Lima, primeira bailarina com Síndrome de Down do Norte/Nordeste a usar sapatilha de ponta.

“Todos os profissionais envolvidos na montagem são pernambucanos, o que é motivo de muito orgulho para nós. Nossa produção não deixa nada a dever aos espetáculos de cidades tradicionais no ciclo natalino, como Gramado. E é importante que as pessoas vejam como existem profissionais bons no nosso Estado e os valorizem”, pontua.