Coletânea

Cinquenta anos de Raúl Córdula invadem galeria Janete Costa

Exposição individual do artista inaugura hoje e fica em cartaz até o final de julho

Beatriz Braga
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Beatriz Braga
Publicado em 31/05/2012 às 6:57
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Há dois tipos de vermelho: o igual ao grito do pavão ou o que colore as pancadas dos metais. Mas tenha cuidado. Pancada de sino badalando tem cor verde e o barulho dos instrumentos de sopro, quando, uníssonos, entoam um frevo, esse sim é rubro. É um vermelho meio verde-amarelo, arrisco dizer. No universo do artista plástico Raul Córdula, as cores devem ser tateadas e ouvidas. Com uma forte marca da intertextualidade, a exposição Raul Córdula: 50 anos de arte,uma antologia, que abre hoje nas paredes e no chão da Galeria Janete Costa Parque Dona Lindu e fica em cartaz até 29 de julho.

 Em um dos momentos da mostra, um fone de ouvido revela o conto A gaivota cega, narrada por André Almeida. No enredo, Raul descreve uma conversa com um deficiente visual numa praça. Enquanto o artista fala sobre sua obra, o cego as interpreta, sugerindo o vermelho musical do começo da matéria ou o azul que é como um beijo no pescoço. Íntimo da arte que testa limites, ou a falta deles, Raul ainda expõe um quadro feito em braile. “Uma obra para ser vista com a mãos”, diz o paraibano radicado em Olinda.

Seus 50 anos de produção artística foram divididos em nove séries sob curadoria de Olívia Mindêlo. Uma delas é dedicada à Guerrilha do Araguaia, em quadros feitos nos últimos cinco anos que relembram Duda, Joaquim, Landinho e todos os filhos da revolução que acabou em sangue naqueles heróicos 1970.

 A mostra ainda conta com as sessões O país da saudade; 1968, que inclui pinturas reprimidas pela censura;  Made in PB – feito em chumbo, uma alusão ao rock de Zé Ramalho, ao passado histórico da Paraíba e ao chumbo, em seu sentido figurado; João Pessoa 1965, na qual aparecem grafias orgânicas do autor na arte que emerge do cotidiano, e Paris 1991, que contempla todos os que, até aqui, estavam se perguntando que lugar ficou guardado para a geometria de Raul.

Leia matéria completa no Caderno C desta terça-feira (31) e veja, aqui,  a galeria da exposição com fotos de Chico Ludermir:

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