Da profusão de camadas gastas e sobrepostas dos lambe-lambes, publicidade que impera nos muros das grandes cidades, o artista Roberto Lúcio viu beleza. A dinâmica colorida da propaganda impressa, colada sem piedade sobre um cemitério de outras propagandas, foi o mote para o paraibano radicado em Olinda conceber a exposição Totem e cetim, com curadoria do crítico Marcelo Campos, aberta nesta quarta (13) para convidados, às 19h, no Santander Cultural. O público em geral pode conferir a mostra a partir de amanhã até 29 de julho.
Com onze obras expostas, entre pinturas, objetos, fotografias e cartazes, Roberto Lúcio traz um panorama visual do que lhe toca no cotidiano urbano. Para compor os trabalhos, fez pesquisas em diversos materiais, como lona, papel e PVC. Totem e cetim faz referência à série de objetos produzida em madeira e cetim. Além de reproduções sobre tela dessas propagandas, há fotografias, montagens e objetos que remetem à série.
“Não é apenas a paisagem urbana que me interessa, mas também a figura humana nela inserida. Neste trabalho, busquei explorar o processo de degradação dos cartazes, ampliando para os muros que nos circundam e os centros urbanos como um todo”, explica o artista.
No meio do caos publicitário, entre vestígios de cola e marcas de rasgões, as cores sobrepostas revelam letras orfãs de palavras, que parecem querer reencontrar os caracteres perdidos nas sucessivas camadas de papel barato. “É uma destruição vinculada à renovação, algo quase orgânico, pelas formas que essas propagandas ganham a cada nova colagem”, diz Roberto, apontando para tapumes, outdoors e muros da cidade.
Leia a matéria completa no Caderno C desta quarta (13)