Há quem divida: palavras de um lado, imagens de outro. “Letras, letras, imagens à parte”, pensam alguns. As palavras, no entanto, possuem um componente visual próprio, que é estudado e colocado em prática na arte da tipografia, por exemplo. Além disso, elas criam imagens a partir do seu potencial semântico. Por fora e por dentro, são imagens as palavras. Talvez deixem de ter um componente visual no momento exato em que são lidas: há apenas letras articuladas em um vocábulo.
Os dois processos imagéticos das palavras são objetos de pesquisa do artista Augusto Filho, que é mestrando em artes visuais e acaba de inaugurar a sua primeira exposição individual, Instâncias da imagem, no Instituto de Arte Contemporânea (IAC).
Para criar a mostra, ele transformou algumas obras de arte do acervo do Centro Cultural Benfica, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde também está o IAC, em texto. Sim, em palavras. Mais especificamente, em descrições “neutras” e objetivas de quadros pertencentes a artistas, como Vicente do Rêgo Monteiro e J. Borges, para serem impressas em quadros com os mesmos formatos e dimensões das obras originais.