Várias criações de Iza do Amparo, desde as intervenções gráficas feitas por ela sobre fichas de romaneio na década de 1970 até obras mais atuais, estão reunidas na exposição individual Fichário. A mostra entra em cartaz neste sábado (4/10) o Museu Murillo La Greca, com abertura às 16h, e o visitante poderá levar para casa um pouco do traço de Iza. Seis adesivos diferentes, baseados em pinturas da artista, foram produzidos especialmente para a ocasião. "Fiz estes carimbos reaproveitando a estética da arte de rua, a ideia das intervenções. Criei um símbolo, pesquiso muito isso dentro da minha arte, e fizemos esse material para as pessoas colocarem em alguma coisa que elas acharem interessante, como uma intervenção", explica a artista.
O romaneio serve para controle de mercadorias, listando a quantidade e características dos itens. "Essas fichas de romaneio eu usei quando era estudante de arquitetura e estava trabalhando. Junto com um grupo de jovens, vivia quase em comunidade. A gente pegava o anuário do IBGE e outros livros de estatística, com gráficos e tabelas, para fazer o trabalhos, fotografava e usava o linóleo. Tinha que ter muita precisão. Não era como hoje que tem o computador, precisava ser tudo manual. Comecei a pintar para dominar o traço, juntei o útil ao agradável. Ao mesmo tempo em que preenchia as folhas com as cores que queria, treinava o traço", lembra Iza, que na época morava na Bahia.
Agora, além de 85 destes trabalhos, também são mostradas 10 pinturas sobre tela. A ideia da curadoria foi montar uma espécie de linha do tempo, para que o público possa observar a relação dos trabalhos feitos na década de 1970 com a produção atual de Iza (também haverá documentos e textos de críticos e artistas compondo este painel).
No Museu Murillo La Greca também estarão disponíveis um livro, com a reprodução de 15 telas da artista, e um mostruário de carimbos. Em um mural imantado, o visitante poderá criar as próprias composições.
O texto completo está no Caderno C deste sábado (4/10), no Jornal do Commercio.