"Um plano íntimo e particular" sobre a obra do artista catalão Joan Miró (1893-1983) pode ser conferido a partir desta terça-feira (7/10), no primeiro andar da Caixa Cultural, com a inauguração da mostra A magia de Miró. A exposição foi construída com um tipo de obra que costuma ser pouco mostrada ao público e que, ao mesmo tempo, reflete a proximidade entre o curador Alfredo Melgar e o artista. Em meio a essas criações, também são expostas fotos feitas pelo curador. A inauguração começa às 19h30.
As 69 obras de Miró reunidas na mostra foram criadas entre 1962 e 1983. Elas integram o acervo do curador, também composto por peças de artistas como Pablo Picasso (1881-1973), Alexander Calder (1898-1976) e Antoni Tàpies (1923-2012). "Trata-se de um álbum de recordações de meu privilegiado contato com esses artistas", como ele define em uma parte do texto publicado no catálogo de A magia de Miró.
Exemplo deste contato é Ajude a Espanha (1980). Ao lado de uma litografia de 1937, são vistos o desenho de Miró e a dedicatória: "P/ Alfredo Melgar, afectuosamente".
O percurso do visitante continua pelo pequeno labirinto com outras litografias e obras feitas com tinta chinesa e guache sobre papel, por exemplo. O público verá as formas e cores de Miró sobre vários suportes, como lixa, lâminas de cortiça e pequenos quadrados de papelão. Em alguns casos, é fácil notar que o artista usou uma folha na qual havia algo escrito do outro lado ou que desenhou em um envelope no qual havia um carimbo ou pedaço de etiqueta.
Na Caixa Cultural são apresentadas 23 fotografias feitas por Alfredo Melgar em diferentes ocasiões. Uma foto registra a última vez que Miró saiu para passear pelo jardim de Son Abrines. "Passamos vários minutos em silêncio até que Joan ergueu os braços e, apontando o mar, sussurrou para si mesmo um ‘Ah! Que pena!’. Tinha um ar de adeus. Então, sem pressa e brincando, voltamos até a casa e no umbral me despedi. Eu apenas consegui balbuciar um até logo. Ele ficou me olhando alguns instantes. Foi a última vez que vi Miró", descreve Alfredo Melgar.
O texto completo está no Caderno C desta terça-feira (7/10), no Jornal do Commercio.
Abaixo, um vídeo sobre a Fundação Joan Miró, inaugurada em 1975, em Barcelona. O centro de estudos de arte contemporânea, além de guardar a obra de Miró, também oferece espaço para as criações de outros artistas: