O projeto Recife arte pública, como explica sua idealizadora, a arquiteta e arte-educadora Lucia Padilha Cardoso, tem um potencial interdisciplinar. O conjunto formado por um mapa, um site e um aplicativo para dispositivos móveis, que está sendo preparado pelos pesquisadores, pode ser utilizado por professores para dar aulas sobre passagens da história do Recife ou das artes visuais em Pernambuco, por exemplo, ou sobre arquitetura, planejamento urbano e patrimônio histórico. Isto sem falar na serventia do material para os turistas, que terão ao seu alcance informações sobre os painéis e esculturas que encontram ao passear pela cidade.
A divulgação do conhecimento é aliada fundamental na preservação do patrimônio. Obras de arte em espaços abertos ou de grande circulação estão muito expostas à ação do tempo, ainda mais se não houver manutenção adequada - sem esquecer os casos nos quais elas são danificadas por alguém intencional ou acidentalmente, às vezes por não saber o que elas representam. "Olhar para a arte pública como recurso educativo já é uma maneira de criar esta relação do cidadão com a obra e de mostrar a importância dela. O mapeamento é um ponto de partida para esta sensibilização do olhar", afirma ela.
Em uma volta pelo Recife logo se encontra exemplos de que esta sensibilização é necessária. Algumas obras estão riscadas, outras com partes retiradas. Faltam algumas letras na Rosa dos ventos do artista plástico Cicero Dias, no Marco Zero. O painel A Batalha dos Guararapes, de Francisco Brennand, na Rua das Flores, precisa de higienização na parte inferior, além de apresentar marcas como a de um prego batido entre as peças de cerâmica.