Estreia

Claudio e Olga Ferrário: loucos em busca da palavra

Pai e filha dividem o palco em texto escrito pelo ator

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 07/08/2015 às 5:30
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Pai e filha dividem o palco em texto escrito pelo ator - FOTO: Divulgação
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Não é, mesmo, a primeira vez em que pai e filha se encontram no palco. No início dos anos 90, Olga estava em cena quando Claudio Ferrário integrou o elenco do espetáculo Caxuxa, dirigido por João Falcão, ao lado de atores então iniciantes como Patrícia França – mesmo que não fosse vista pela plateia. “Lívia (Falcão) atuou no espetáculo até o mês de novembro, grávida de Olga. Em dezembro, ela nasceu”, lembra o ator que, prestes a completar 40 anos de carreira, volta a se encontrar com a filha pródiga no palco.

Depois de ter atuado, mais uma vez, no infantil Caxuxa que marcou a estreia de Olga Ferrário, cinco anos atrás, como atriz, o veteraníssimo Claudio duela com a filha durante todo o espetáculo A Invenção da Palavra, que estreia hoje, para uma temporada Teatro Capiba depois do desenvolvimento e poucas apresentações em Portugal devido à parceria com o diretor Moncho Rodriguez.

“Olga é uma pessoa muito responsável, faz yoga, balé clássico, aula de canto, é uma atriz muito disciplinada, diferente de mim”, diz o ator que, descoberto por João Falcão quando fazia um pastoril satírico em Olinda no comecinho da década de 1980, para iniciar a parceria numa série de espetáculos do diretor enquanto participava, paralelamente, uma revista iconoclasta no mítico e extinto Vivencial Diversiones, de Olinda.

A Invenção pela Palavra é uma incursão de Claudio na dramaturgia. “São dois velhos brincantes, que também podem ser dois loucos, dois mendigos, dois palhaços, ou o que cada espectador sonhar, que entram em uma disputa imaginária para descobrir quem inventou a palavra: Deus ou Capeta”, diz o ator/autor, sobre o dilema inicial que dá vida ao texto.

A peça resulta de uma imersão na cidade de Fafe, Norte de Portugal, onde funciona o projeto Fafe Cidade das Artes, coordenado por Moncho. “Admiro muito o trabalho de Moncho desde Caetana”, diz Cláudio. “O texto foi sofrendo alterações até virar 50% do que era inicialmente. Quando Moncho começou a viajar na história de dois velhos, dois palhaços, etc., a própria Olga disse pra mim que isso tinha a ver conosco, que somos dois velhos, dois loucos em busca da palavra”, pontua. “Elementos mais femininos foram naturalmente surgindo ao ‘velho’ interpretado por Olga”, diz ele sobre a atriz de apenas 23 anos que vem dando provas de maturidade cênica. Ao lado da mãe, Lívia, Olga protagonizou com bom magnetismo uma versão recente de A Dona da História, também de João Falcão.

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