RETROSPECTIVA

Exposição na Galeria Janete Costa revisita a obra de Zé de Barros

Mostra 21 Anos Sem Zé de Barros também revela ao público como o artista pernambucano está presente na memória de uma geração

Do JC Online
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Publicado em 17/11/2015 às 14:14
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Mostra 21 Anos Sem Zé de Barros também revela ao público como o artista pernambucano está presente na memória de uma geração - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
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A exposição 21 Anos Sem Zé de Barros, com inauguração nesta terça-feira (17/11), às 19h, na Galeria Janete Costa, revisita a obra deste artista plástico pernambucano por caminhos interligados. Ao mesmo tempo em que apresenta diversas das criações dele, também revela como Zé de Barros está presente na memória de uma geração - pela convivência com outros artistas e a atuação como professor de educação artística na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para isso, os organizadores selecionaram cerca de 140 obras e alguns objetos do artista, como matrizes, rascunhos e documentos. As peças foram distribuídas pelos dois módulos da galeria do Parque Dona Lindu criando três áreas.

A mostra foi idealizada pelo artista Izidorio Cavalcanti, que é próximo da família de Zé de Barros. Quando o artista faleceu, em 1994, Tereza Dias, irmã dele, passou a tomar conta do acervo do irmão. O  conjunto é formado por cerca de 1,5 mil peças e Izidorio ajudou-a nesta tarefa. "Esperei 21 anos para fazer esta exposição, queria isso desde o início. É uma responsabilidade grande que a família me deu", afirma Izidorio.

Assim que entrar na galeria, o visitante encontrará gravuras que representam diferentes experiências de Zé de Barros. "Ele é de uma geração em que o figurativo estava muito presente. Mesmo nos trabalhos mais abstratos, às vezes a figura estava latente. Zé traz essa abstração para os desenhos, alguns deles enormes, que ele fazia apoiando o papel sobre o chão ou uma grande mesa. Como uma obra de mais de 8 metros de comprimento que trouxemos para a galeria ou esta outra, de 4 metros, em que ele amassa o papel. Zé tem uma coisa de energia no limite, transbordando, e isto está presente na obra dele", afirma Joana D’Arc de Sousa Lima, que dividiu a curadoria com Sebastião Pedrosa.

Entre as obras deste lado da mostra, estão partes da série Impressões Amazônicas. Para Sebastião, a ida do artista ao Amazonas foi um divisor de águas. "A partir daí seus desenhos e gravuras crescem em intensidade expressiva e em escala. Para Zé é vital a experiência sensorial e emocional quando aborda um tema. Mesmo que muitos dos desenhos e gravuras dessa série tenham sido realizados posteriormente, de memória, em seu ateliê, ele não dispensou as anotações e croquis feitos no local de observação", escreveu Sebastião, que imprimiu um autorretrato de Zé de Barros a partir de uma matriz feita pelo artista (ambas são mostradas na galeria).

O lado oposto do salão é dedicado à memória, com esboços e anotações, cartas e matrizes de gravuras. "Escolhemos desenhos a bico de pena em que o traço dele está visceral, ele faz um corpo kafkiano. Eles foram feitos sobre caixas de papelão ou eucatex. Além dessas obras de uma fase mais escura, pegamos algumas intervenções que ele faz sobre mapas", cita Joana.

Também estão nesta parte da mostra um retrato de Zé de Barros feito por Gil Vicente e obras do artista que fazem parte da coleção de amigos dele, por exemplo. Será exibido um vídeo com entrevistas feitas com Jairo Arcoverde, Betty Gatis, Gil Vicente, Luciano Pinheiro, Perside Omena, Humberto Araújo, Frederico da Luz Guerreiro e Montez Magno. 

Imagens de Zé de Barros no ateliê dele, por exemplo, são mostrados através de uma projeção de slides.

Pinturas, gravuras e 43 desenhos em nanquim estão no piso superior da galeria. Parte da produção é inédita ao público. "Aqui se observa a paisagem. O ambiente natural estava impregnado em Zé. Tem também o cavalete, algo do ateliê. Ele está sempre presente, como uma janela", indica a curadora, que fala de outro aspecto do trabalho do artista: "O corpo está sempre presente. Aparece como fragmentos na gravura dele e os objetos também vão para o corpo (o artista criou peças para serem usadas). Esta é uma força poética no trabalho dele. Por isso não dá para datar, o trabalho de Zé de Barros se atualiza. Ele faz experimentações cromáticas e com os suportes".

A exposição é patrocinada pelo Funcultura e a coleção de José de Barros pode se tornar a essência de outro projeto. "Ele também guardava obras de outros artistas, é um acervo que representa uma época. Um arquivo com cartazes de exposições, fotos, cartões postais, entre outras coisas. A ideia é que ele se torne um arquivo público disponível para estudos, pensamos em fazer um Instituto José de Barros", planeja Izidorio.

AR-CONDICIONADO

A Galeria Janete Costa está sem refrigeração. A Prefeitura do Recife afirmou que a tubulação externa do ar-condicionado foi danificada por um ato de vandalismo: "As peças comprometidas estão avaliadas em torno de R$ 200 mil. A Secretaria de Cultura do Recife está realizando a cotação de preço no mercado para a aquisição da mesma".

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