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Exposição Em Espera traz as provocações do tempo

Com curadoria de Douglas de Freitas, mostra coletiva reúne obras de diversas plataformas

GGabriel Albuquerque
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GGabriel Albuquerque
Publicado em 17/02/2016 às 10:36
Foto: Divulgação
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Há séculos a natureza do tempo tem sido objeto de debates entre cientistas e filósofos. Antes mesmo da revolução relativista de Einstein, os Incas já entendiam o tempo e o espaço como uma unidade chamada “pacha” – um antecedente do conceito moderno de espaçotempo. Posteriormente, no final da década de 1940, o matemático Kurt Gödel propôs uma teoria em que o fluxo do tempo é uma ilusão, apenas um modo de perceber a realidade. 

Mesmo com tantos modelos e estudos, o tempo ainda nos é uma abstração que não podemos apontar ou quantificar precisamente. Inaugurada hoje às 19h no Museu Murillo La Greca e em cartaz até 28 de março, a exposição Em Espera se desdobra sobre o tema da espera, a “perda” de tempo e ainda brinca com o limiar de nossa experiência cotidiana do “tempo que passa”.

São 22 obras de diferentes artistas. “Comecei a perceber que essa questão de ter que esperar para acontecer alguma coisa, ou uma situação de falência, de fim anunciado passava pela obra desses artistas. Pensei como articular esses artistas que já tinha listado com esse assunto em comum em seu trabalho e comecei a desenhar melhor os conceitos da mostra”, diz o curador paulistano Douglas de Freitas.

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Full Half Hour IV (2014), escultura de Laura Vinci - Foto: Divulgação
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Pintura sem título (2011), de Ana Sario. - Foto: Divulgação
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Fotografia 63, da série Materialismos II (2015), de Guilherme Portela. - Foto: Divulgação
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Frame do vídeo The End (2014) de Bruno Faria - Foto: Divulgação
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Obra da série Tecidos (2016), de Marina Weffort - Foto: Divulgação
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Oobjeto sem título (2003-2006), de Martinho Patrício. - Foto: Divulgação
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Fotografia da série Round IV (2010), de Amanda Melo da Mota - Foto: Divulgação

 

Na escultura Full Half Hour, Laura Vinci (SP) traz a distorção do tempo na imagem de uma ampulheta deformada. Emergem possibilidades, outras formas de contar o tempo – remetendo diretamente ao relógio derretido em Persistência da Memória, de Salvador Dali.

Em outros momentos, o tempo fica em estado de suspensão. As pinturas de Ana Sario (SP) evocam formas geométricas de uma polaroid em revelação, um retrato que está por vir. As fotografias da série Materialismos II, de Guilherme Portela (RJ), vedam com tinta preta as imagens e textos de livros de história da arte. Ambas as peças quebram as expectativas, inserindo a espera em seu lugar.

O vídeo The End, de Bruno Faria (PE), é a compilação dos créditos finais dos 100 filmes eleitos como os melhores da história do cinema segundo o crítico Roger Ebert. As imagens se repetem, um eterno fim de um filme que nunca começa. Ao mesmo tempo em que joga com as ânsias do público, lida com a falência do espetáculo.

O mesmo tema permeia Metade da Fala no Chão – Piano Surdo, vídeo da paulista Tatiana Blass que mostra um concerto em um teatro vazio. Aos poucos cera derretida é derramada no piano, e vai emudecendo até que o pianista fique impossibilitado de tocar e o concerto definitivamente. No final, ele se curva agradecendo a uma platéia que não está presente. O trabalho foi apresentado como performance na abertura da 29ª Bienal de São Paulo, em 2013.

Além destes, há, entre fotografias, pinturas e peças  tridimensionais, obras do paraibano Martinho Patrício e das paulistas Amanda Melo da Mota, Marina Weffort.

Serviço
Exposição Em Espera, do curador Douglas de Freitas 
Às 19h, no Museu Murillo La Greca
Rua Leonardo Bezerra Cavalcante, 366, Parnamirim. Fone:3355-3129
Gratuito

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