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Coleção ADI reúne obras de 30 fotógrafos brasileiros

Projeto do Ateliê de Impressão, da Galeria Arte Plural, comercializa obras com preços mais acessíveis

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 08/08/2016 às 16:03
Ricardo Labastier / Divulgação
Projeto do Ateliê de Impressão, da Galeria Arte Plural, comercializa obras com preços mais acessíveis - FOTO: Ricardo Labastier / Divulgação
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Se havia ainda alguma dúvida num passado recente sobre se a fotografia poderia compartilhar do estatuto da arte ao lado de outros suportes clássicos como a pintura ou a escultura, a discussão perdeu fôlego com (sempre ela) a tecnologia. Quando, há cerca de uma década, o método “fine art” de impressão começou a ganhar corpo no Brasil, galerias e museus passaram a investir mais na linguagem: a imagem fotográfica já não mais corria o risco de esmaecer com o tempo no papel. “A expectativa de longevidade de uma fotografia impressa com essa técnica supera os duzentos anos”, comenta Gustavo Betinni, fotógrafo e idealizador do projeto Coleção ADI de Fotografia.

O projeto reúne 50 imagens de cerca de 30 proeminentes fotógrafos brasileiros - a maior parte deles, atuantes em Pernambuco. Impressas em tamanho A3 e com tiragem limitada a 50 cópias devidamente assinadas pelos autores, cada obra tem preço a partir de R$ 400. A ideia é mesmo estimular o colecionismo”, diz o curador. As imagens e temas primam pela diversidade. “Não impusemos um tema qualquer que fosse seguido por todos”, comenta o curador.

Entre outros, o elenco de fotógrafos reúne nomes como Amélia Córdula, Ana Araújo, Arnaldo Carvalho, Cristiana Dias, Evandro Teixeira, Fred Jordão, Geraldo Pestalozzi, Gustavo Bettini, Hélia Scheppa, Hesíodo Góes, João Urban, Juliana Leitão, Mateus Sá, Miva Filho, Nando Chiappetta, Priscilla Buhr, Renata Victor, Renato Vale, Ricardo Labastier, Roberta Guimarães, Rodrigo Lobo, Teresa Maia e Yêda Bezerra de Melo. “Nós convidamos os artistas e à medida em que eles traziam o material, a gente foi estabelecendo alguma relação com as imagens”, diz Bettini. A tiragem de 50 exemplares é calculada. Garante um certo fetiche pela quantidade limitada de cada impressão e, por outro lado, permite o barateamento do preço final. “Quando a impressão é única, ou a tiragem mais limitada, fica inviável praticar um preço mais acessível”, comenta o curador.

As fotos podem ser encontradas na Galeria Arte Plural, no Recife Antigo. ADI, aliás, é a sigla usada para identificar o Ateliê de Impressão, braço de impressão fotográfica instalado no segundo andar da galeria e primeiro do gênero no Nordeste. Certificadas pelas multinacionais da imagem Canson e Hahnemühle, as fotografias usam papeis da própria Canson e das alemãs Awagami e Hahnemühle. Se a técnica chama a atenção no suporte, o conteúdo narrativo não impressiona menos. Vão na contramão daquele recente artigo polêmico do crítico de arte Jonathan Jones, do jornalão inglês The Guardian, que dizia que a pintura teria sempre mais camadas de pensamento - enquanto a fotografia seria rasa como um clique. Não há como concordar com o inglês ao observar o hiperrealismo de imagens como as assinadas por Mateus Sá ou Ricardo B. Labastier, para citar apenas dois exemplos. Ou diante da latência simbólica da luz de Beto Figueiroa.

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