ARTE POPULAR

Carlos Augusto Lira é um dos maiores colecionadores do País

Em quase 40 anos, o arquiteto reuniu sete mil peças de arte popular brasileira

Flávia de Gusmão
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Flávia de Gusmão
Publicado em 19/03/2017 às 7:10
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Em quase 40 anos, o arquiteto reuniu sete mil peças de arte popular brasileira - FOTO: Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Quase 40 anos e sete mil peças depois, tantas que ele nem sabe quantas são, o arquiteto Carlos Augusto Lira é hoje um dos maiores colecionadores de arte popular brasileira do País. Tão grande, diversa e representativa é sua coleção que, além de abarrotar sua própria residência, tornou-se necessário alugar um galpão onde ele mantém a sua “reserva técnica”.

Carlos Augusto lembra que, nos anos 70, foi a Tracunhaém comprar um conjunto de barro para feijoada, se deslumbrou com o que viu e nunca mais parou. 

Sob a influência de Janete Costa e Acácio Gil Borsoi, colegas de profissão, tornou-se um dos grandes militantes na missão de derrubar a fronteira invisível, mas às vezes intransponível, entre arte popular e erudita na arquitetura. “Essa diferença tende a acabar”, diz o arquiteto que, para o bem da memória brasileira, segue um compulsivo comprador. “Nunca terei a coleção dada como completa”, diz.

Embora possamos encontrar em sua compilação nomes de primeira grandeza que compõem a arte popular nordestina, como Vitalino, Eudócio, da primeira escola da Ilha do Ferro, em Alagoas, ou mestre santeiro Dezinho, do Piauí, o colecionismo de Carlos Augusto não se pauta (apenas) pelas grifes.

DAS GRIFES AOS ANÔNIMOS

“Nunca me pautei pela compra de nomes consagrados”, diz ele. Na coleção, há, por exemplo, duas sereias-iemanjá de seis seios cada, mais de um metro e meio de altura. Foram compradas como de autoria anônima. Só depois de compradas, ele descobriu se tratarem de peças esculpidas por Doidão, Louco e Louco Filho, alguns os mais notórios artistas da escultura em madeira no Recôncavo Baiano. “Há peças cuja qualidade fala por si, nem precisamos saber de quem são”, diz o arquiteto.

“Nunca tive a preocupação de ser colecionador. Era apenas um comprador entusiasmado”, minimiza.

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