Residência

Exposição Os arrombados ocupa ateliê de Christina Machado

Veteranos da cerâmica contemporânea mostram resultado de convivência artística

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 23/09/2017 às 8:21
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Veteranos da cerâmica contemporânea mostram resultado de convivência artística - FOTO: Divulgação
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Além de coloquialmente pernambucano, o título da exposição diz bem mais do que seu humor corriqueiro sugere. Estabelecido a partir de conversas informais entre os artistas, a mostra que passa ocupar, a partir de hoje, o ateliê da artista Christina Machado foi batizada de Os arrombados. A ideia surgiu a partir da lembrança de uma tentativa frustrada de Daniel Santiago enviar uma correspondência para Joelson: “Isso nasceu quando eu passei um telegrama para Joelson e essa palavra foi censurada pelos Correios. Eles achavam que era uma palavra feia, mas arrombado quer dizer uma pessoa de arromba. Chris também adotou a palavra. Eu tinha um certo receio de dizer que ela é arrombada, um certo pudor, mas ela gostou da ideia de limpar essa palavra".

Os Arrombados, a exposição, é o resultado da convivência artística, viabilizada por um projeto do Funcultura, de oito artistas na simpática casa-ateliê mantido por Christina na Torre: além da anfitriã, Daniel Santiago, Dantas Suassuna, Joelson, José Paulo, Maurício Castro, Renato Valle e Rinaldo - todos nomes que, além de firmes em veículos como a pintura e o desenho, contam a história da cerâmica contemporânea em Pernambuco. Nessa residência, em total liberdade conceitual e criativa, eles tinham como ponto de partida em comum, apenas o barro, materializado em cerâmica, porcelana e até em telas.

CERÂMICA

Na mostra, é possível reviver o espírito criativo do Corgo, um dos coletivos, hoje cada vez mais raros, que fizeram história na artes visuais da cidade no começo dos anos 2000. O ponto de (re) encontro, a partir da casa dela, determinou o nome do projeto: “Ocupe Chris!”, uma ação ainda em andamento e que fornecer novos “produtos” até o final do ano. "São 32 anos ocupando este espaço na maior luta. Os artistas que participam o tornam mais vivo. Se manter produzindo nas artes visuais é uma forma de resistência. Trabalhamos de forma original, pura, sem regras impostas e, nessa vivência no ateliê, só com a matéria argila", pondera Chris.

Foi com Chris, por exemplo, que José Paulo se iniciou na cerâmica há mais de 20 anos. “Desde então, esta é uma técnica que eu não abandono”, diz ele, confirmando como, mais que facilitar o acesso a materiais e espaços, uma convivência do tipo é estimulante para os artistas fluírem além de suas zonas habituais de pensamento e criação. “Nesta época de intransigência, o diálogo se torna ainda mais importante”, diz ele, autor, na mostra, por exemplo, de vasos suspensos, fluentes, criados a partir de forma aleatórias, algo um pouco mais diferente do conceitualismo mais recente da obra de Zé Paulo.

Artistas como Maurício Silva e Dantas Suassuna se apropriaram, por exemplo, da técnica “chrismassa’, um material desenvolvido pela anfitriã com pó de serragem e barro, “uma espécie de argila mais leve”. Suassuna chegou a usar, assim, telas feitas de “barro” para pintar letras de seu alfabeto pictórico.

OCUPE CHRIS. Exposição Os Arrombados, de 23 de setembro a 17 de dezembro. Visitação: Quartas, das 9h às 17h; Sábados e domingos, das 16h às 20h. Agendamento para grupos: [email protected]. Abertura sábado, 23 de setembro, às 16h20. Rua Águas Belas, 53, Torre, Recife.

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