Coletiva

Exposição 'Possibilidades' reúne diferentes olhares na Arte Plural

Com curadoria de Olívia Mindêlo, mostra tem pintura, desenho e fotografia

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 22/03/2018 às 18:31
Eric Gomes/Divulgação
Com curadoria de Olívia Mindêlo, mostra tem pintura, desenho e fotografia - FOTO: Eric Gomes/Divulgação
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Para elaborar a curadoria da nova coletiva da Galeria Arte Plural, a jornalista Olívia Mindêlo lembrou de um poema da polonesa Wislawa Szymborska intitulado Possibilidades. Por isso, nesta exposição em que ela foi a curadora, ao invés de tentar encaixar as obras de 12 artistas em um conceito hermético, preferiu explicitar a multiplicidade de sentidos que a arte pode gerar, propondo caminhos sem, necessariamente, fechar o olhar do visitante a uma única leitura. E é justamente esse passeio por obras que transitam entre o poético e o político que está impresso na mostra que é aberta hoje, às 20h.

Após um ano sem realizar coletivas – a última foi em 2016 – a Arte Plural reúne parte do seu casting, assim como artistas convidados, na nova exibição. Alguns deles, como Dani Acioli, Eric Gomes, Bruno Alheiros e o Coletivo Vacilante ainda não tinham exposto seus trabalhos ao lado de outros criadores na galeria. A curadora observa que em tempos de instabilidade política e social, a arte exerce ainda mais seu papel de inspirar mudanças.

“Busquei uma costura desses trabalhos que não fosse necessariamente uniforme. Me interessou mais entender a exposição como um lugar de possibilidade, no qual há diálogos e divergências. Por isso pensei no poema, pois acho que a arte não pode ter bulas – ela precisa ser desbravada. A arte é um lugar de suspensão, não de certezas”, explica Olívia Mindêlo.

O olhar sobre o feminino é um dos temas que podem ser encontrados ao longo da exposição. Logo na entrada, duas telas de Roberto Ploeg com representações de mulheres, além de fotografias de Eric Gomes da luta de mulheres indígenas contra a violência e opressão.

“Infelizmente, não há presença de gênero igualitária na exposição. Mas essa ausência também diz muita coisa e é motivo de reflexão. Ainda há muita invisibilização das mulheres em todos os campos e a arte não é exceção”, observa.

Chama a atenção também o instigante trabalho de Dani Acioli na série Sacrifícios, que marca a primeira vez em que ela sai do bidimensional, utilizando objetos como suporte. Nela, a artista pintou vaginas de madeira, compradas na feira de Caruaru, fazendo ainda intervenções com pregos, arames e outros símbolos, alguns que evocam inclusive imagens de cunho religioso, que expressam a arbitrariedade à qual o gênero feminino é historicamente submetido.

“Enquanto mulher e feminista, acho essencial ter esse olhar para a produção e também a representação do feminino na arte. O trabalho de Dani mostra de forma muito contundente a necessidade de observar essas opressões e violências, na arte e na sociedade. Temos que lembrar que não há futuro para o Brasil, ou para qualquer povo, sem as mulheres”, reforça a curadora.

No âmbito da fotografia, Eric Gomes retorna ainda com imagens do Ocupe Estelita, que dialogam com fotografias de intervenções urbanas feitas pelo fotógrafo Leandro Pereira. Ambas questionam, cada uma a sua maneira, a especulação imobiliária predatória que pauta as grandes cidades brasileiras.

Priscila Buhr também imprime um olhar poético com trabalhos das séries Erro 99 e Lendo. As fotografias por vezes borram o limiar entre fotografia e pintura, explicitando o caráter poético e sensível dos registros. Caminho semelhante é trilhado por Iezu Kaeru em seus cliques.

Além dos já citados, compõem a exposição Antônio Mendes, com uma tela abstrata, David Alfonso, Roberto Lúcio, Álvaro Caldas e Pragana.

TELA EM BRANCO

A terceira edição do projeto Anexo, da Arte Plural, recebe, sexta-feira, às 19h, o artista plástico Rinaldo. Com a exposição Beleza Guardada, ele vem com uma proposta inusitada: as paredes do espaço estarão em branco, sem quadros ou trabalhos.

Tudo será feito em frente ao público a partir de sessões com modelos vivos. Durante o processo, Rinaldo trabalhará exclusivamente com nanquim e papéis em formato A-3, pincéis e canetas de bambu confeccionadas para a ocasião. O público interessado em desenho também pode participar da primeira sessão. Basta chegar meia hora antes da exposição. As vagas são limitadas.

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