O Museu do Trem é um equipamento cultural pouco conhecido pelos recifenses. Localizado na antiga Estação Central, edificação centenária no bairro de São José, o espaço preserva a memória ferroviária do Estado, mas agora também se abre para a arte contemporânea. Lá, os artistas Daniel Santiago, Gil Vicente e Marcelo Silveira montaram a exposição Caleidoscópio, com curadoria de Joana D’Arc Lima, que abre as portas dia 9 de junho, a partir das 10h.
Projeto patrocinado pelo Funcultura, a exposição reúne três artistas de gerações e poéticas distintas, mas que compartilham alguns símbolos em seus trabalhos. Na exposição, eles trabalham a ideia do lúdico evocada pela ideia do caleidoscópio, tendo como base a artesania da imagem e as possibilidades de manipulá-la.
Daniel Santiago, por exemplo, criou uma caixa óptica interativa, em estrutura de madeira com espelhos. Já Gil Vicente tem entre os trabalhos apresentados a série Cartemas, que trabalha a ideia do duplo em diálogo com a obra de Aloísio Magalhães.
A exposição foi apresentada pela primeira vez em Petrolina, em agosto, e posteriormente seguiu para Garanhuns. Em cada uma dessas cidades sofreu adaptações motivadas pelo espaço em que era montada. No Museu do Trem não foi diferente.
A arquitetura estimulou o trio a repensar algumas questões, inclusive com a substituição de um gira-gira de Marcelo Silveira por Oval, obra inédita do artista, formada por um agrupamento de 18 portas, cujos vãos entre elas convidam o visitante a um jogo através do olhar, uma vez que ele não pode adentrar o espaço. Silveira também cria uma espécie de caleidoscópio ao criar uma grande parede espelhada que captura os movimentos dos visitantes e os demais trabalhos.
“Incorporamos todas as questões estruturais do museu, como as marcas na parede. Quisemos imprimir a ideia de temporalidade e não nos restringimos ao espaço expositivo tradicional. As obras já começam a aparecer no hall, ocupa o corredor e chega ao jardim externo. O Museu do Trem é um espaço praticamente desconhecido e quisemos dar visibilidade à sua estrutura arquitetônica”, explica a curadora Joana D’Arc Lima.