O cardápio é praticamente o mesmo que encontramos nas casas que ostentam, na porta, o nome La Vague. Mas o lugar, em conceito e estrutura, é pura diferença. Aberto há cerca de um mês pelo chef Joca Pontes, o Bercy, onde antes funcionava, na Estrada do Encanamento, um grande restaurante de comida regional, estreia como casa com potencial de ganhar o título de a creperia da família pernambucana - ou pelo menos da família da Zona Norte do Recife.
Se as outras creperias (Rosarinho e Boa Viagem; a de Casa Forte foi fechada) com o nome La Vague são mais intimistas, luz indireta, clima convidativo tanto para grupos de amigos como para casais, a nova (e grande) casa não exclui outros perfis de público, mas recebe com muito conforto quem lá se dirige com a família.
Sobretudo quem tem filhos pequenos e pouca disponibilidade de babás sabe o quanto é difícil sair para comer bem na cidade. Assim, o Bercy conta com um parque relativamente grande de recreação para crianças - e uma salinha de entretenimento, com vídeo, para os mais pequenos. Tudo monitorado por recreadores, uma cortesia da casa para que os pais, sim, possam comer o crepezinho do dia a dia e sorver sua taça de vinhos.
Aliás, com uma adega-vitrine que deixa os rótulos à vista, a casa conta com uma curta e eficiente carta. Há vinhos de pouco mais de R$ 25, simples e despretenciosos, apenas para molhar a boca, e alguns poucos rótulos de franca elegância, como o equlibradíssimo Quinta dos Bons Ventos (R$ 60), português produzido na própria região de Lisboa.
Em tempos de Recife permanentemente engarrafado e saturado, a informação é tão relevante quanto o cardápio: são quase cem vagas de estacionamento próprio, num quaintal à moda antiga, protegido por grandes mangueiras.
Bem, o cardápio: com o acréscimo de alguns grelhados (peito de frango ou filé, com acompanhamentos à eleição) e sanduíches (filé, vegetariano, coalho...), a cozinha oferece praticamente o que se encontra nas La Vague (marca que, aliás, deve desparecer até o final do ano, quando todas do tipo passarão a se chamar Bercy. As saladas continuam fartas, substanciosas e prazerosas, equivalentes a uma refeição, e os crepes, temperados pela criatividade francófila do chef. Uma das mais bem resolvidas é a Antibes (R$ 21,90) com gorgonzola, pêra, folhas e vinagrete de laranja. Ou a Saint-Nazaire (R$ 21,90), com frango desfiado, banada, folhas, molho de iogirte com Dijon e mel. Absolutamente satisfatórias.
Entre as entradas, há um gratinado de queijo de cabra (R$ 19,80), com camarões e chutney de damasco.
Embora algumas combinações possam parecer pouco ortodoxas, aqui não se padece da oferta monótona de base de creme de leite versus molhos de tomate no recheio. Opções já clássicas são o Nice, recheado de frango, pasta de queijo cottage, repolho roxo agridoce, maçã e castanha (R$ 18,90); ou o Lampião, com charque ao vinagre balsâmico e mel de engenho, queijo de coalho e creme de jerimum e gengibre.
O Bercy só abre a partir das 18h. O cardápio, versátil, permite que várias pessoas de um mesmo grupo encontre ali a medida de seu paladar. É sim uma creperia bem família.
Bercy: Estrada do Encanamento, 341, Parnamirim. Tel.: 3441-7938. De segunda a sábado, a partir das 18h; domingo: 17h30
