Inauguração

Sofisticação de inspiração andina no Pisco e no Chicama

Gastro-bar e restaurante abrem no mesmo prédio em BV sob o comando do chef Biba Fernandes

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 26/09/2014 às 7:21
Sérgio Lobo / Divulgação
Gastro-bar e restaurante abrem no mesmo prédio em BV sob o comando do chef Biba Fernandes - FOTO: Sérgio Lobo / Divulgação
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    É um lugar que, como alguns do Recife, nasce com uma pretensão francamente cosmopolita. E que, como poucos, alcançam o objetivo com a naturalidade de quem joga algumas gotas de pimenta – ou ají – sobre uma boa porção de peixe marinado. Inaugurado semana passada depois de alguns meses de meticuloso planejamento, o complexo gastronômico que inclui, em Boa Viagem, o gastrô-bar Pisco e o restaurante Chicama nasce com a fluidez e o acento cosmopolita de casas semelhantes que fazem a diferença, hoje, em praças como São Paulo ou Nova Iorque.
    A ideia surgiu quando um dos seis (!) sócios, seis amigos tarimbados na produção de eventos para parte da juventude dourada do Recife, se encantou, justamente em NY, com um desses estabelecimentos: nem apenas bar, nem apenas um restaurante e muito menos uma “balada”, mas um híbrido. Num imóvel grande de Boa Viagem, o Pisco ocupa o primeiro andar. Com entrada independente, o Chicama está no térreo.
    Comecemos pelo Pisco: com uma gastronomia reduzida, sedutora e bem executada, assinada pelo chef Biba Fernandes, o mesmo que faz sucessos com sua cozinha peruana no restaurante Chiwake, no Espinheiro, o gastrô-bar é, sim, um lugar onde podemos até jantar - e muito bem. Mas não só isso. Com luz propositalmente deficiente, móveis e elementos contemporâneos na decoração e música progressivamente vibrante conforme avança a noite, é um ótimo parque de diversões para adultos de relativo bom poder aquisitivo.
    Ali, fica-se confortavelmente amparado, com uma (boa) carta de vinhos e outra (excelente) carta de drinques bem elaborados, equilibrados, adultos, percorrendo as maravilhas do pequeno cardápio montado por Biba. O mais avesso a drinques se deixa convencer por misturas como o Coolcumber (pisco, purê de maçã verde, fatia de pepino e scheppes citrus (R$ 18).
    Na cozinha, o domínio de Biba sobre o tempo e os ingredientes da marinada nos ceviches e tiraditos impressiona. Boa ideia é o Tiradito thai (R$ 48), as lâminas de pescado marinado em salsa de limão, gengibre, leite de coco, sobre batata doce e finalizado com curry e azeite. Ou ainda o wantan encebichado (R$ 39), que consiste em cestas da massa harumaki recheadas com guacamole e cebiche de pescado. Com uma diferença que apenas um chef curioso e de talento em permanente recriação imprime.
    Em vez de deitar no berço esplêndido do sucesso e da acomodação, Biba segue pesquisando cada vez mais suas gramática gastronômica. Da última vez que foi ao Peru, descobriu um largo uso dos ceviches encevichados. Ou seja, os pescados são marinados com o molho (ou leche de tigre) de um ceviche anteriormente feito para isso. O ressultado é um molho duplamente sedoso, com a textura dos pescados mais amaciada. No cardápio, há também “modernidades” como o atum selado com foie gras (R$ 69) em salsa de geleia de pimenta sobre musseline de mandioquinha.
    No térreo do prédio, ambiente igualmente moderninho, mas música mais controlada, é que está o Chicama, nome de uma praia do Peru escolhida pelo chef para batizar esse irmão do Chiwake que nasce na Zona Sul. O cardápio, aqui, é naturalmente mais extenso, num lugar onde a comida está em primeiro plano, não é adereço.
    A base é a mesma do Chiwake, mas com variações. Aqui, o prato La catedral, por exemplo, tem um arroz de frutos do mar (e não apenas camarão como acompanhamento) ao redor do peixe e do camarão gigante em salsa da alcaparra. Entre um e outro, muita gente tem começado a noite em um e terminado no outro.
Avenida Conselheiro Aguiar, 2585, Boa Viagem. De terça a sábado a partir das 19h. Domingo das 12h às 16h. Fones: 9959-1993 e 3314-8150.

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