Crítica

Solar do Douro: cozinha tecnológica e artesanal de ótima qualidade

Relativamente discreto, o restaurante localizado no Pina é um achado

Bruno Albertim
Cadastrado por
Bruno Albertim
Publicado em 04/10/2017 às 18:57
Felipe Ribeiro / JC IMAGEM
Relativamente discreto, o restaurante localizado no Pina é um achado - FOTO: Felipe Ribeiro / JC IMAGEM
Leitura:

Quando achamos que a alta gastronomia da cidade, mesmo com o movimento inconstante – de abre e fecha, muda e permanece –, já tem sua cartografia mapeada, um novo endereço se revela na lista do “como não estive aqui antes?”. Funcionando há mais de um ano de forma ligeiramente discreta no térreo do empresarial JCPM Trade Center, na esquina onde o Pina acaba para dar início à Brasília Teimosa, o Solar do Douro é um achado. Merece ser agendado.

A casa ainda não abre à noite. Nos finais de semana, funciona apenas para eventos. Talvez, por isso, permaneça como um relativo e bem guardado segredo passado de boca em boca. Com móveis de design contemporâneo, ambiência clean e – isso que importa – clássicos da cozinha franco-italiana atualizados com uma segurança de quem honra as facas que possui e, mais ainda, uso muito maduro das novas tecnologias culinárias, a gastronomia desse lugar é ambivalente: tecnológica e artesanal.

NO COMANDO

À frente da equipe está Wellington Olímpio, um chef low profile que, há 18 anos, mais preocupado com a consistência de sua cozinha que com holofotes, tem acumulado técnicas com gula. Eis seu grande trunfo: aplicar, com maturidade e propriedade, formas de cocção moderníssimas, popularizadas sobretudo a partir da cozinha molecular do catalão Ferràn Adrià, a pratos já conhecidos. São, como dissemos, clássicos das escolas francesa e italiana, além de alguns itens bem brasileirinhos, que dão as bases para suas inovações sutis.

O chef imprime imaginação bem dosada a eles. Vejamos sua salada de carpaccio. Nada mais simples (e bom) do que folhas frescas, mostarda e lâminas da carne crua. Mas ele resolve escolher as folhas mais crocantes que encontra, umedecê-las quase que individualmente com molho à base de mostarda Dijon e usar a grande folha de carne para envolver tudo como um bombom. A salada (R$ 26) tem sabor e substância suficiente para figurar como refeição.

Wellington costuma cozinhar quase todas as suas proteínas animais em sous vide. Ou seja, a vácuo, as carnes cozinham em várias horas e baixa temperatura. Não perdem tamanho, caldos, sucos e suculência. Depois, ele as finaliza para que ganhem aquela caramelização que só a chapa ou a sauté permitem. Depois de amaciado no sous vide, o polvo (R$ 42) é grelhado com azeite de chimichurri e servido com batatas rústicas. O pato (magret) ganha a companhia de um molho ao poivre e batatas ao forno (R$ 55).

As entradas, como o Tartar Gravlax (R$ 22; cubos de salmão curado envolvidos com cebola roxa, manga em cubos, suco de limão siciliano, cebolinho, servido com crostines), convidam para um aperitivo antes do almoço. Há excelentes opções de bom custo-benefício, sobretudo no quesito massas. O nhoque de batata doce (com crocante de bacon ou ragu de filé) ou o espaguete à bolonhesa (com tomate fresco e ragu bovino) custam, cada, R$ 22.

A pescada aromatizada no azeite com cebola roxa, limão siciliano, pimenta calabresa e shoyu, acompanhada de arroz branco e legumes point neuf (R$ 35) é leve e satisfatória. Clássico da casa, o franguinho de leite é campeão de pedido em suas várias versões. Um conselho: tire um dia da semana para almoçar ali com vagar. Com predominância da vinícola Quinta Maria Izabel, a carta de vinhos tem também um ótimo custo-benefício. E se não abre à noite ainda, a casa, no entanto, oferece um robusto café da manhã, com opções do regional ao clássico de hotelaria.
Solar do Douro. Av. Antônio de Goes, 60 - Pina. Segunda à Sexta, café da manhã, 7 às 10h30; almoço, 11h30 às 16h. Noite e final de semana, abre para eventos – contato Accriety Eventos – (81) 2127.6011. Telefone do Solar: (81) 3204.3917.

Últimas notícias